Tiro no pé
Fui parar à Helena Matos através do Mata-Mouros. Não querendo eu, se calhar quixotescamente, defender o indefensável, não deixo, porém, de anotar isto: não decidi ainda se me impressiona mais a demagogia entrelinhada da crónica em questão ou as saudades, levianamente expressas, do Manuel Alegre pela segurança dos quarenta e oito anos de fascismo. É que tem piada: a dita senhora, ao dissecar fervilhantemente as consequências da instauração da democracia, passa, sem se aperceber, para a esquerda o papel "odioso" de ter precipitado a mudança de regime. Isto será mais ou menos isto: "ó esquerda! mas vocês não queriam a democracia? então agora não se queixem...". E, então, será provavelmente legítimo concluir isto: a direita não quis a mudança.Mas não se preocupem, homens e mulheres de direita. Podem continuar a sentir-se democratas, que isto é só o que a Helena Matos, sem querer, disse.
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