Têm, sim, têm um cada
A licenciada Maria Celeste Vilela Fernandes Cardoso foi nomeada directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho, pelo senhor ministro Correia de Campos, por motivos que hão-de estar relacionados com a sua capacidade para exercer o cargo. A não ser assim, seria estranho.
A recente exoneração da licenciada Maria Celeste Vilela Fernandes Cardoso deve-se, declarou um senhor assessor do mandante da exoneração (que é o mandante da nomeação, isto é muito curioso) ao facto de, no Centro de Saúde de Vieira do Minho, ter sido colocado "um cartaz que utilizava declarações do Ministro da Saúde em termos jocosos, procurando atingi-lo".
Ignoremos o teor do comunicado, mesmo percebendo nele que o senhor ministro da saúde produziu mesmo as ditas declarações, posteriormente gozadas em cartaz afixado por pessoa incerta. Não podemos é ignorar que a licenciada Maria Celeste Vilela Fernandes Cardoso, conforme é reconhecido, não escreveu o cartaz, não promoveu a sua colocação, nada tendo, por conseguinte que ver com aquilo.
Ou seja: a senhora foi exonerada - rezam o senhor assessor e o despacho - ao abrigo do dever de lealdade que, pressupõe-se, é uma espécie de empírico código de conduta que reza assim: "quando eu te nomear seja para o que for, é porque és competente para o que te nomeio, nem sequer admito dúvidas; no entanto, se eu disser coisas que façam alguém gozar comigo, saltas logo borda fora, a menos que entendas que na tua competência está incluído o dever de policiar, denunciar, julgar e executar quem me afronte jocosamente".
O dever de lealdade é uma coisa que pressupõe carácter. Não vamos às promessas eleitorais, mas podíamos ir, por exemplo: "Então disseste tal e tal e agora tungas? Isso não é leal, pá!". E o gajo: "Ah, pois, está bem, mas isso são rosas, senhor, rosas, são rosinhas!".
O dever de lealdade é uma coisa que pressupõe carácter. Não vamos às promessas eleitorais, mas podíamos ir, por exemplo: "Então disseste tal e tal e agora tungas? Isso não é leal, pá!". E o gajo: "Ah, pois, está bem, mas isso são rosas, senhor, rosas, são rosinhas!".
Eu, lá está, penso que o senhor primeiro-ministro não deve demitir-se, nem deve ser exonerado, porque - lá está outra vez - tem carácter. Tem o seu carácter.
Do senhor ministro da saúde não falo, evidentemente, era o que faltava, mas também não me restam dúvidas de que tem o seu.
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