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28.6.07

Precisamente

Quem nada faz por si próprio não é um relapso, a não ser nesse facto de nada fazer por si próprio. Consta, mesmo, que Cristo foi assim. Entre outros relapsos desses, que os há.

Não são relapsos. São o que são.

Ser relapso é, apenas, cometer o mesmo lapso mais do que uma vez, à luz grotesca da gramática simples. Ao segundo lapso, é-se logo relapso. Isso de ser relapso depende sempre de quem "lapsa" (está fodido, muitas vezes está fodido ao primeiro lapso, depende de muitas coisas e da sorte, e a sorte é uma coisa, também), de quem julga o lapso (está, geralmente, sentado em cima dum pequeno martelinho julgador, que faz muitas cócegas na anilha, no lapso, ou seja no "brown gap") e da melancolia de toda a gente.
Não é que a melancolia leve ao lapso, nem sequer ao julgamento do lapso, mas o lapso, mesmo repetido, é só o que é: triste e chato e, mesmo, chato e triste. Evitável? Sim, tudo é evitável, conheço mesmo um homem que evitava comer e uma mulher que se evitava.

Quanto às relações de trabalho, elas são, de facto, simples: "eu preciso de ti, tu de mim, tu mandas, eu não, somos iguais, portanto, na minha precisão de broa e na tua de motores potentes, somos iguais em precisões diversas, não me podes substituir nem despedir assim, logo agora que descobrimos que somos iguais, não nas precisões, eu sei, mas no precisarmos".

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