blog caliente.

27.6.07

Coisas que eu não disse. Li isto.

Penso que deve haver um novo código do trabalho.
Um que dissipe todas as dúvidas.
Um que demonstre aquilo que é a verdade mais có(s)mica de todas as verdades baseadas na astronomia de quintal: manda quem paga, porque tem para pagar, e obedece quem recebe, obedientemente, porque não tem senão bolsos e tubos digestivos.

É. Tem de haver um código novo. Não são precisas férias. Quem diz vinte e três dias, diz dezoito horas. Se não houver férias, aliás, deixa de ser necessário um subsídio de férias. Acabem-se os subsídios. O de Natal também. "É Natal todos os dias, não é, Arménio? Lá está..."
Outra ideia: decomponha-se o ordenado. "Arménio, passas a ganhar o mesmo, trezentos contos, mas agora ganhas só cinquenta, mais o resto, mas o resto passam a ser remunerações acessórias. Entendes? Recebes, para já, ainda os tais trezentos. Mas cinquenta é, de facto, o que tu ganhas. Ou cem, vou pensar ainda. Se vais receber ainda trezentos? Sim, sossega. Que vontade de me rir de ti, Arménio! Sim, vais! Mas eu tratarei já do resto. Em pouco tempo, vais ver que receberás mesmo só os cinquenta. Ou os cem, sim, que eu vou pensar".
É mesmo preciso um novo código. Os patrões andam arreliados. Andam sempre. Os patrões, públicos ou privados, andam sempre chateados com as tropas. Diz-se a um gajo ou a uma gaja, ou a uma cáfila deles "agora mandas tu, tu é que tens o graveto, ora manda lá!", e o gajo ou a gaja (ou a cáfila) fazem logo cara de quem está a ser encabado(a) sem vaselina. E desatam a gemer.

É preciso um código que mande foder, de vez, o verbo ser. "Tu és o quê, Arménio? Hem? Cala-te, Arménio!".
É preciso ver que, para um patrão, o código bom teria um único parágrafo: "Eu posso fazer o que Eu quiser, e quem não estiver bem com o que Eu quero, que se mude". Isto é assim.

Ter é, desde 1986, o único verbo. Nem sequer era assim em 1964. Estão admirados? Não era.
É só desde 1986, com agravamento em 1987 e, depois, agora, com este executor. Perdão, executivo. Perdão, execucu. Cucucucucu...
Eu não penso nada disto, eu li isto num almanaque. É sobre novidades.
"Ter", eis o único verbo. Ter-me, ter-te, terem-me, terem-te, terem-nos, terem-vos.

Ter colhões é, contudo, cíclico. Os meus netos, se Deus quiser, hão-de foder os vossos. Hão-de tê-los à mão e espremê-los melhor do que nós vos esprememos a vós, filhos da puta, sanguessugas. Ao menos, durante mais tempo.

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