de códigos e adjectivos
É interessante, esta discussão. E velha, esta querela. O direito do trabalho regula uma relação desigual, e portanto é um direito "orientado" para uma das partes (supostamente a mais frágil) do contrato que lhe deu origem. Resta saber quanto.Sobretudo num contexto em que já não há verdadeiramente patrões, a não ser nas micro-empresas, em que normalmente os "patrões" até são normalmente - também - trabalhadores das mesmas. (nos cafés de bairro, nas oficinas de reparação automóvel, nos barbeiros e cabeleireiros, no pequeno comércio em geral).
Nas grandes empresas, repito, já não há patrões. Há "gestores" do dinheiro não se sabe de quem. Mas não deles. Gestores esses normalmente de curta duração nos cargos.
No Estado, proliferam tb os gestores. A diferença está só em que, normalmente, são incompetentes.
Assim, hoje em dia já vai sendo difícil colocar em alguém o rótulo de "patrão". E a subsistência do emprego depende cada vez mais de decisões que escapam absolutamente a essa lógica dicotómica (da relação patrão-trabalhador). Decisões de "investir e desinvestir".
Nesta matéria, e porque os grandes empregadores são normalmente empresas multinacionais, o nosso Dto. Trabalho é um convite ao "desinvestimento". Da minha experiência pessoal, já assisti a vários processos desses. Que se resolvem pela resposta obtida às seguintes perguntas:
- Que produtividade tenho eu aqui?
- Que produtividade tenho eu em Espanha/Irlanda/Inglaterra (é só escolher)?
- Quanto custa fechar a fábrica cá?
- Quanto custa abrir lá? Ou aumentar a produção lá?
- Quanto tempo preciso para recuperar estes custos?
Se valer a pena, fecha-se cá e pronto. Cumprindo com rigor as nossas normas, pagando as indemnizações legais e ... indo embora.
Aos patrões ainda podíamos chamar nomes. Tinham cara, voz, vida, família. Ao capital, na sua forma mais pura, não. E o capital não tem nem moral, nem remorsos. Só sabe de matemática. E as decisões que toma têm por única base a lógica.
Se calhar, é assim que tem que ser. Ou não ...
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