Vai, Jaquim
É tramado, o Saraiva.Chegou lá hoje, com a família toda de requitó, e pareceu-me pior. Mais fraco, ainda mais exaurido da armação do que já estava há quinze dias. O fígado mantinha-se na pasmaceira de permanecer igual a ele próprio, é o fígado que tem, está na mesma, ocupando-lhe a barriga inteira. E as análises estavam quase desastrosas, do ponto de vista do "que te vou eu fazer agora, Saraiva?".
Mas vinha a andar, ligeiro, quase saltitante. E a família saltitando-lhe ali, também, atrás dele, sempre atrás dele, mimando-o em todos os sentidos, aligeirava-se nele. E ele, mimo de si, nela.
Estranhei aquilo. E perguntei-lhe a que se devia aquela agilidade toda, curioso, como todos os ignorantes, da novidade. Ele falou:
"- É que estou cada vez melhor, sabe? É dos tratamentos. E de treinar na bicicleta fixa. É disso e dum bacalhau frito, que comi ontem à noite e que me fez bem, com broa e azeite do meu."
A broa. A triga-milha. O azeite. A bicicleta.
O velocípede do pão de milho incorpora a fé dos fortes e, se tudo for regado pelo sumo da azeitona nova, dá ganas de campainhar pelo Joaquim Agostinho. E de o chorar de novo, num sorriso de salgadeira.
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