blog caliente.

20.3.07

missões e missas grandes: que paramentos em cada cerimónia?

O prometido é devido.
Por conseguinte, é penetrado duma placidez reflectida que aqui volto, hoje, para cumprir duas missões.

Uma, foi-me encomendada (a mim e ao alonso, mas ninguém sabe onde pára esse fugidio indivíduo, homónimo do menos predestinado dos campeões do mundo de fórmula um que já houve - Damon Hill incluído -, esperando-se que não esteja - ao menos - a preparar um texto de desagravo ao militante do CDS-PP que se cuida vítima de discriminação racial apenas porque não reside na Cova da Moura, exercendo a presumível plenitude das suas funções vitais, o portista militante, outrossim, em Viseu; que é um sítio bom para as minorias, como é consabido, que o digam os ciganos) pela lolita.

A outra, é o resultado duma análise serena e perfeitamente desprovida de interesse (como costuma acontecer-me amiúde) sobre o jogo Braga - Naval.

A primeira missão remete-me ao desafio da lolita, evidentemente, já disse isto, um que ela deixou aqui escarrapachado ontem, antes de partir para aquele país que depende do Senegal para se arranjarem uns comprimidos de"Bactrim": perguntava-nos ela "como contornar um regimento partidário".
Pois bem: no caso de Paulo Portas, com cautela. Sempre sem virar as costas ao regimento. Repare-se que não se fala aqui dum pelotão: é dum regimento inteiro. Ora, portanto, dada a multiplicidade de cargas genéticas que se encontram ou podem encontrar num tão vasto e heterogéneo (ia a dizer heterossexual, mas não posso afirmar isso, estão a ver como reflicto cada vez mais?) aglomerado de pessoas do mesmo "género" (viram que não usei "sexo"?, isto evolui!), dizia eu que dado isso tudo, portanto, " contorna-se com muita cautelinha e sempre a encarar o regimento, sempre de olhos postos nos da fila da frente, pelo menos, e o mais rente à parede que for possível!".
Sobre isto, era isto.

Sobre o jogo Braga - Naval (do qual só vi os últimos dez minutos) posso dizer que tudo aquilo foi uma roubalheira, com um penalty assinalado àquele jogador figueirense que já jogou no Sporting e que se chama Mário Sérgio - o que é estranho, mas é verdade, ambas as coisas são verdadeiras, chama-se assim e já jogou no Sporting - que nunca existiu. O árbitro, cuja graça não recordo, não hesitou na exibição do cartão amarelo, nem no apontar da bolinha de cal que indica donde se chutam as roubalheiras, nem no sorriso pulha de quem não sabe o que está a fazer mas acha que sim.
Acresce que grassa uma onda de indecisão entre os comentadores futebolísticos, actualmente, quando se trata de analisar se houve "mão na bola" ou "bola na mão". Os comentadores da bola são, hoje em dia, uma espécie de analistas da subjectividade, o que não deixa de ser pitoresco quando se está a falar de futebol, que é o desporto mais fácil de analisar do mundo inteiro: até o pólo aquático é mais difícil, e nem sequer é só por mais de metade do corpo dos praticantes estar submerso.

Ora bem. Eu ensino. Considerem isto uma "regra simplificada de besugo para comentadores que lêem merdas esquisitas e aplicam conceitos psico-filosofico-poetico-jurídicos às leis da bola".

Parágrafo único: é permitido a um jogador abrir os braços, ou persignar-se, ou, mesmo, limitar-se a não os amputar - aos braços -, antes ou mais ou menos ao mesmo tempo (friso: "antes ou mais ou menos ao mesmo tempo") de o caramelo fução que quer rematar a porcaria da bola o fazer. Se a bola, chutada nestas condições, embater numa parte qualquer dum dos membros superiores do indivíduo que defende - sem ser o guarda-redes, mas se for tanto melhor, excepto se for fora da área, porque aí só o Vítor Baía é que tinha uma regra especial - não é penalty. E o jogo segue.

Eu simplifico a regra, um dia destes. Por hoje, acrescento apenas um exemplo prático.

Exemplo prático:
Vamos supor que o Simão Sabrosa está preparado para marcar um livre à entrada da área, contra a minha equipa. Já está com as beiças arqueadas e tudo, e já foi focado ao perto pelo repórter de imagem - para se perceber que o tipo tem mesmo aquele aspecto.
Eu, que sou - suponhamos - um "trinco" dos outros desgraçados, e que até já levei um cartão amarelo por ter acertado uma canelada no cu alçado do Simão Sabrosa, e por ter - adicionalmente - chamado fiteira (entre outras rimas) à hiperlordótica criatura, e ainda (se para aí me tivesse dado, suponhamos que possuía o temperamento dum Petit ou dum Jorge Costa) por ter apodado de tubérculo podre ou de alheira o senhor juiz-árbitro, posso, mesmo assim, nesta impunidade tenebrosa, perfeitamente, colocar-me imóvel, desde que o faça à distância regulamentar - que é aquilo dos nove metros, contados em passinhos ou passões de árbitro -, de braços abertos, como se fosse o Roger Daltrey no "Tommy" a cantar "I'm free!" e, assim especado e vagamente crucificado nessa minha liberdade de assim estar, aguardar que o pequeno vilarrealense com sotaque de Cascais chute a bolota com a força que puder e a direcção que conseguir.
A regra que se aplica é esta: se a bola assim rematada pelo pequeno gnomo for contra um dos meus braços, que se quedaram imóveis e alheios à esférica trajectória, já estou como dizia o Francisco José Viegas, uma vez, citando um brasileiro de maus fígados - coisa que não entendo por ser desprovido de maldade nessa esponjosa víscera -, sobre as bolas ao poste - " que foi mas é bola mal chutada!, qual penalty, qual cabaça, siga mas é o jogo" (*). E estava o Francisco José Viegas, esse hooligan perigoso, coberto de razão (até porque tinha sido um tipo do Benfica a chutar ao poste, que eu bem vi).

Claro que pode sempre vir aí algum purista destas coisas, cheio de virtude "made in play-station by CA", recordar-me: "Ah, seu parvo!, aquilo em Braga nem foi de livre, nem o Mário Sérgio estava imóvel! Cala-te!".
OK. Pois não. Mas estava de costas, pá! Estava de costas, pá! E, que eu saiba, um jogador do Braga (mesmo que fosse o João Pinto, e não era ele, mas mesmo que fosse!) não é um regimento! Por isso, pode-se estar de costas quando ele chuta! Cala-te tu!

Ora aqui está onde eu queria chegar. Missão cumprida. Grande missa.

(*) Penso que o Francisco José Viegas , se bem me recordo, não chegou a ir tão longe nesta análise, na altura. Penso. Mas às tantas foi; e eu é que não dei fé.

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