blog caliente.

22.2.07

As maiorias pensam quase sempre mal.

À força de tanto estímulo à aposta na inovação (de que Sócrates e Cavaco Silva são os mais mediáticos arautos), até as opiniões já se constroem de forma a desconstruir factos, para os transformar em não-factos ou, na melhor das hipóteses, para os ofuscar com factos colaterais, tornados mais relevantes. Isto, a propósito de algumas vozes que se levantam contra os que querem a cabeça de Alberto João Jardim. Fala-se no PS, inexpressivo na Madeira, como se essa falta de penetração partidária branqueasse (ou, até, como se fosse a causa remota) o caciquismo que desde há trinta anos inquina a gestão política autonómica, a economia e a sociedade madeirense. Todos sabemos, de saber feito ou por simples bom senso, que o sucesso de qualquer investimento na Madeira depende inexoravelmente das loas que se cantam a Jardim e respectiva trupe. A Região Autónoma da Madeira é gerida e governada como um polvo de tentáculos longos e consolidados que difere da máfia siciliana apenas nos métodos, mas não na eficácia. Muitos sabem (sempre souberam) mas, possuindo os meios para combater essa esbórnia, colaboraram, silenciosos, em troca de favores partidários (e supra-partidários) do poderoso PSD Madeira. Sendo assim, não falemos em unanimidades "burras", porque corremos grave risco de sacrificar princípios às praxis sofríveis. É que, sem sequer ser por acaso, esta unanimidade surge clarividente. Grandiloquente. No - possivelmente único dos últimos trinta anos - momento em que uma unanimidade nacional (e, note-se, por defeito: Jardim não está só, tem pares no continente) está do lado certo da questão - a favor da limpeza e contra a podridão - eis que nos pedem... serenidade?

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