Grandes Armazéns dos Lóios
No telejornal, vi uma lojista do comércio tradicional lisboeta a dizer que é católica, e que o Domingo é dia de descanso. Preferirá, portanto, manter a loja fechada ao Domingo e exigir do estado que lhe subsidie o negócio e, já agora, que não permita a abertura de mais centros comerciais. O que o comércio tradicional ainda não percebeu é que o consumo moderno é, sobretudo, um acto inútil; já ninguém sai de casa para ir à leitaria da Quinta do Paço comprar leite do dia, mas sai-se alegremente para ir ao Continente encher o lar de pneus em promoção ou de desumidificadores do ar. O paradigma do consumidor moderno dispensa tafetás em peças de metro e meio de largura, linhas de coser e atendimento personalizado. Prefere pronto-a-comer, pronto-a-vestir, serve-se sozinho e não reclama por ser tratado como membro de uma imensa massa de gostos e hábitos heterodeterminados. O comércio tradicional caminha, portanto, a passos largos para se transformar numa "área protegida", susceptível de planos de requalificação subsidiados a fundo perdido para que possamos manter intactas as reminiscências do passado - e, claro, para fomentar o turismo. Condenado, portanto, a uma curiosidade histórica.
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