A como é a sardinha?
Já não se fala aqui de futebol há muito tempo. A bem dizer, não se fala aqui de nada há muito tempo, mas a gente trabalha.Hoje é bola.
A Sérvia é um país a sério, como nós. Não é brincadeira. Já foi bombardeada pela ONU e tudo, nós ainda não, ali não se brinca. Aquilo não é uma espécie de Bélgica em nada. Jogam à bola, aliás, ainda por cima, bastante razoavelmente.
Eu já conhecia o estádio do Estrela Vermelha doutras transmissões, de maneira que quando vi aquilo, no início, tudo pintado de azul-branco-e-vermelho, mais o vozear alto, pensei: "estamos fodidos". Eu podia ter escrito "estamos a encarar problemas sérios, ora bolas, que aborrecimento, que ambiente este, assim ao mesmo tempo belo e assustador!", mas trairia, nesta forma polida de dizer o que pensei, o que pensei.
De maneira que, sem me trair, o que pensei foi isto: "estamos fodidos e o empate é bom".
Isto de pensar se o empate é bom ou não, é no início, não é no fim. No fim, já se sabe, "arrive" o coro das carpideiras, que olha para aquilo como quem olha para um sável morto na sertã, "passa-me aí o molho verde, sim?" e brada sempre "ah! empatámos, portanto quer dizer que podíamos ter ganho!".
Há uma espécie de pessoas que é assim. Geralmente, quando não é abatida cedo, esta espécie de pessoas tende a formar empresas altamente competitivas, que empregam outras pessoas que se matam a trabalhar para vender, digamos, quinhentos "taparuères" por ano, obtendo, no final do ano, mil euros de prémio e a obrigação de vender o dobro no ano a seguir. "Ah, vendeste quinhentos! Portanto quer dizer que podes vender mil! Certo, Valter?".
Ou seja, limite absoluto de besugo: é sempre possível fazer melhor do que o que já se fez, pelo que não vale a pena fazer nada - porque assim, ao menos, os químicos da álgebra malévola multiplicam dois por zero, o produto é um corno, produto da casa. Há quem chame a isto mercado, o meu filho mais novo também chama "Valter" ao pirilau dele, mas eu chamo-lhe "filhadaputice de gosmas frouxos, maus e doentes da cabeça", não ao pirilau do meu filho, ao mercado.
E o empate foi bom. Não é depois que se vai ver, nas contas finais, estão muito enganados. É agora que se vê. No fim, vê toda a gente.
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