Olha que chatice, isto da Nicarágua
Ante scriptum - vocezes os dois ganham-me largo na prolixidade dos escritos, como se ainda não bastasse serem dois e eu um, e parecer que nasceram já a escrever, porque escrevem bem.("Mal pensado, mas bem escrito", já dizia o meu avô àcerca daqueles panfletos do reviralho!)
Bem, eu cá nem sei por onde começar, e às tantas nem começo. Vou direito ao miolo, para dizer isto, que eu gostava que ficasse claro. Eu quero lá saber da Nicarágua, da Zita Seabra ou dos demais que, por uma razão ou por outra, os meus amigos insistem em dar como exemplos - que pretendem negativos, claro - de posições que, à partida consideram próprias de primatas, deseducados, condicionados pela religião e o que mais que depreciativamente quiserem dizer.
A verdade é esta: o hedonismo da pita que toma todas as precauções e mesmo assim engravida - e quando engravida quer abortar - não está nas precauções. É que não percebi se ela queria abortar para continuar a sua actividade preferida sem restrições - mesmo que com precauções - ou se era por razões de saúde. Era? Ou era porque foi violada? Ou era porque corria risco de vida? Ou era porque o feto era deficiente, logo desmerecedor de nascer? O que era mesmo, besugo?
Eu cá, posso estar enganado, e amanhã quem ler o blog vai obviamente achar que estou, mas eu parece-me que esta conversa do aborto e da leizinha que agora vai dar mais uns pozinhos de oportunidade para que o mesmo seja feito legalmente ... não resolve nada.
Porquê? Porque a raíz estrutural de quem defende o sim vai muito para além do que a actual lei prevê, e vai mesmo muito para além do que a lei "projectada" vai passar a permitir.
Essa raiz estrutural acha indigno que uma mulher seja penalmente condenada porque fez um aborto. Seja prque for. Seja quando for.
E é por isso que essa discussão da embriologia e de "quando é que um embrião é um feto , de quando é que um feto é um bebé" ... é uma maçada.
E eu nisso até concordo. Radicalmente, aliás. É-me absolutamente indiferente tal discussão. Só que por razões diametralmente opostas às dos meus "compañeros" de blog.
Post Scriptum - Há outra razão - profunda, aliás - que causa que pessoas aparentemente tão próximas tenham opinião tão diferente sobre esta matéria. É a que se prende com a forma como se olha o fenómeno do aborto. Vocemecês olham o aborto como uma coisa feita pela Mãe. Eu olho o aborto como uma coisa feita ao filho que ela não quer ter. Dirão que eu desvalorizo a pessoa-mãe, os seus interesses, necessidades, bem estar. Mas uma coisa reconheçam: eu não a mato por entender que o feto deve ser protegido ... da morte.
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