Dizer que "a minha é maior que a tua" é um juízo de facto, assim sem mais nada?
Por acaso é-me mais ou menos indiferente esta questão da antiga entrevista (parece que foi há doze anos) da nova aquisição do Blasfémias. Que a entrevista tem para lá umas coisas que parecem um bocadinho possidónias, tem. Mas isso não me interessa por aí além e é, até, um juízo de valor.Também não me interessa por aí além (a não ser do ponto de vista do registo sorridente) o esforço titânico de alguns blasfemos defendendo sua dama, já tão atacada mesmo antes de escrever de sua justiça!
De facto, isto importa-me tão pouco que, já a seguir, virarei o azimute para uma ocorrência que, essa sim, me encheu de relativo gáudio. Se pretenderem partilhar do meu nirvana é só saltarem esta "posta" e passarem à que vai estar imediatamente acima.
No entanto, é engraçado que se escreva isto, remetendo para isto (que é um livrinho sobre Filosofia), onde se pode ler, entre outras coisas, isto:
"Os juízos de facto têm claramente valor de verdade. E o seu valor de verdade é independente das crenças ou gostos de quem os profere. Ou melhor: é independente da perspectiva de qualquer sujeito.
Os juízos de facto são totalmente descritivos. Quando são verdadeiros, limitam-se a dizer-nos como as coisas são.
Não é óbvio que os juízos de valor tenham valor de verdade. E, se são verdadeiros ou falsos, talvez não o sejam independentemente das crenças ou gostos de quem os profere. Talvez não o seja independente da perspectiva de qualquer sujeito.
Os juízos de valor são pelo menos parcialmente normativos. De certa forma destinam-se a indicar-nos como devemos avaliar as coisas".
No texto blasfemo, parece bastante que João Miranda cuida ser a frase "a escravatura não foi má para os negros em termos económicos" um juízo de facto. Tanto que parece contrapor-lhe, como juízo de valor, ainda por cima emocional (sic), aquilo que acha ser uma estúpida leitura da primeira frase, ou seja, que "a escravatura foi boa". Este tipo de coisas irrita mentes superiores, evidentemente. "Ó Tomás da Cabana, sim, tu aí, que estás a levar chibatadas nesse dorso, está bem que te dói, mas economicamente, hem?, tens alguma coisa a dizer? ah!, só gemes, portanto concordas! Então cala-te!".
A ser assim, atrevo-me a expressar, imediatamente, ser João Miranda "um indivíduo atarracado e um bocado balofo, que apresenta soluções infantis para resolver problemas como o de Maomé na ópera". Isto é descritivo, limita-se a afirmar como as coisas são. É, portanto, um juízo de facto. Isto sempre tentando seguir João Miranda no seu raciocínio.
Se João Miranda, perante isto, reagir dizendo "ah! tu estás a dizer que eu sou um tonto gordo?", acusando-me (emocionalmente) de estar a emitir um juízo de valor, eu fico totalmente sossegado, porque não foi nada disso que eu quis dizer - até porque, como é consabido, o que eu disse não é verdade. E vou-me embora feliz, escrever da bola antes de me deitar.
Aliás, isso é já a seguir e sem necessidade de nenhuma reacção, era o que faltava.
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