A liberdade não se oferece. Conquista-se.
Não é, sequer, um sinal inquietante, a decisão da directora da Ópera de Berlim. A ser verdade que se aconselhou com a polícia berlinense sobre os possíveis riscos de atentados caso a cabeça de Maomé surgisse no palco dentro de uma bandeja, então é evidente que bateu à porta errada - não há memória de uma força policial aconselhar apenas o cinto quando pode pôr também os suspensórios.Assim como há quem olhe para o mundo islâmico do pedestal da sua infinita sabedoria sobre a liberdade de expressão, também há, naturalmente, quem se subjugue cegamente ao temor da retaliação. Tolerância não tem, claro, nada a ver com medo ou com terror.
Eu acredito que, para além daquelas minorias desviantes que cultivam a arrogância ideológica e a capitulação ao medo, os europeus continuarão a pensar e a agir como sempre pensaram e agiram: naturalmente livres e consequentemente tolerantes, sem que para isso tenham de se socorrer da retórica gasta das evidências, há muito adquiridas, sobre liberdades cívicas que alguns insistem em exaltar.
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