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7.8.06

O Fontoura

Não sei se se recordam do Fontoura.
O Fontoura morreu sem dentadura e magro, de barriga inchada pela acumulação de gases, fluidos e resíduos antigos - que, para o fim, já nem comia.
Morreu de causa natural, naturalmente, ainda na pré-história dos super-homens. Que será sempiterna.
Foi-se naquele torpor do ópio e da encefalopatia hepática: o fígado - quando falha - e a morfina (quando é eficaz) sossegam sempre, ao menos à volta do sossegado.
Fui vê-lo todos os dias. Vê-lo é, mesmo, o termo mais adequado, que para o fim já nem me via.

Agora vem-me aí o filho do Fontoura. Ao mesmo.
Exame aos intestinos, lá estava o bicho, a babar as naturalidades da sua e da nossa natureza. Tirou-se o bicho.
A natureza, a do bicho e a nossa, fica sempre: tem de fazer quimioterapia.

De maneira que vai começar amanhã e, como é de Verão, não terá de arregaçar as mangas da camisola preta: há-de vir de mangas curtas e com dois lutos às costas, um ainda em carne viva.
Em carne viva os dois, melhor pensando.

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