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15.2.06

o homem fez-se para guerrear - disse ele, bebendo ginja

Não é fácil eu entediar-me. É-me mais fácil, tenho quase a certeza, entediar.
Permitam-me que diga só mais isto, apesar de tudo: este assunto das "caricaturas" descambou.
O problema são as ilações. Não há muitas a tirar, sobretudo novas.
1 - Os discursos oficiais são os previsíveis. Não se quer, dum discurso oficial, que seja fracturante. Sobretudo, não se quer que fracture outros discursos oficiais de parcerias assumidas. Ou, se afinal é isso que se quer, "fracturas expostas", não se percebem afirmações prévias triviais, compostinhas, quase "de gesso e fato", do género "eu voto Cavaco Silva porque me parece sério, e há o défice, e não gosto dos outros, e sei lá que mais me parece agora". Contextualizar a vida é importante todos os dias e mudar de contexto muitas vezes (eu hoje gosto de real-politik, admito-a, mas amanhã já vou pensar melhor porque o Zink é amigo do Manel Serrão - isto por exemplo, e bem fraco, o que não admira, o exemplo é meu ) é, no mínimo, estranho. Como discurso pretensamente oficial é, mesmo, inaceitável.
2 - Os discursos oficiosos (e os de catacumba, e os panfletários) também não espantam ninguém. Admitem mais espasmos, é tudo. Fica aqui mais este, pequenino.
3 - A liberdade continua a existir, ao menos como conceito, onde existia dantes (e não sei dizer ao certo onde, juro; só sei dizer onde me parece que a há mais e que se me afigura que, inclusive na Arábia Saudita, no Qatar, no Irão, na Síria e na Turquia, há pouca, há notavelmente pouca) e a escassear onde já escasseava: escasseia onde queremos e deixamos, em todo o lado, tantas vezes no mesmo sítio onde nos parece abundar quando estamos entusiasmados com esse sítio, por outros motivos que têm pouco que ver com a liberdade; e isto é assim há tanto tempo, com variações pequenas, que, às tantas, é porque tem de ser assim, não sei.
Sei que não é inteligente discuti-la, à liberdade, como se fosse só nossa, nem conforme nos dá jeito para a nossa simples discussão. Nem sequer é bondoso, isto, porque a liberdade não é um argumento, uma arma de arremesso durante a discussão dela. É uma causa maior que isso tudo e, acima de tudo, nunca se arremessa à cara de ninguém o que nos pode fazer falta.

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