Esguicho de besugo
Aprendi hoje mais uma coisa sobre economia. O aumento das taxas de juro pode fazer os portugueses passarem a consumir menos. Ou seja, a comprarem menos coisas. Se esta perfídia vier a acontecer, a verificar-se a lei de besugo número trinta e sete, pode acontecer esta estranha correspondência: "em quem compra comprando menos, quem vende venderá menos".Donde se depreende que, do ponto de vista de quem vende, não devem tardar as choradeiras do costume. "Aqui d'El Rei, que há que estimular o consumo!". Eu gosto desta palavra, consumo, porque me faz lembrar as discotecas, com o antiquíssimo consumo mínimo, as consumições de todos os dias, o complexo e relativamente rápido processo digestivo, em geral (com seu segmento distal, esfíncter incluído).
Bom, isto foi o que aprendi hoje.
Gosto de ir entendendo as coisas complicadas.
De maneira que fiz este dogma, logo a seguir: "quem determina o que precisamos não é a nossa necessidade de comprar, de possuir, é a necessidade de vender, inerente a quem vende; que, de forma justíssima e num esforço intelectual arrasador, detesta perder pilim, porque assim não lhe compensa!". Fiz este dogma e, logo a seguir, este: "se um tipo rico começar a esbracejar muito, é sinal de que lhe estamos a abrandar o enriquecimento". E ainda este, num singelo complemento: "em sendo imediatamente abatido, o rico prejudicado esbracejará menos".
Claro que isto não é para ser cumprido, isto é uma falácia, vamos deixar os gajos em paz, evidentemente. É muito giro usar cartões de crédito e pagar plasmas e Kias a prestações, passar a vida toda endividado, a ver se se paga primeiro na Singer ou na Worten ou no Meireles da esquina.
Isto dá pica, dá ginástica mental, aprimora a capacidade de ficcionar a desgraça e, no fundo, até parece que a civilização cresce muito, como as couves no tempo delas.
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