Agora é que é mesmo a última.
Não me parece que deva ser elogiada a contenção de Cavaco Silva perante as investidas de Soares. Por uma série de razões. Cavaco Silva calou-se por lhe faltar a destreza da retórica para responder à altura da situação e porque, respondendo, corria fortes riscos de agudizar as acusações e de, então, sair danificado. Calou-se por preferir, no balanço de custos e proveitos, rentabilizar o processo de vitimização do homem honrado contra o político profissional (no contexto do pensamento cavaquista, leia-se biltre sem emenda). Calou-se por intimidação, por reverência, gritantemente saloia, ao figurão Soares. Calou-se, em suma, por ser dissimulado (vulgo, songamonga).São as novas tendências da política moderna. Uns grasnam demais, outros calam-se. O modelo da contenção verbal que foi usado, com sucesso, por Sócrates para fazer pendant com Santana Lopes, é agora reeditado por Cavaco Silva vs. Mário Soares. Neste caso, com forte entusiamo e sentido de entrega de ambos (mas sobretudo do último).
<< Home