Dó maior
Vou fazer de conta que sou o Luís Delgado.Começou o período de reflexão e, nele, os portugueses devem reflectir. Aproxima-se um tempo de mudança, ou talvez não. Tudo depende, como depende tudo, de quase tudo. Até eu dependo. E pendo, cada vez mais, pendo, pendo. Eu apago isto se me lembrar, mas não me lembrarei, que eu sou de seguir em frente, mocidade, mocidade, por que fugiste de mim, dai-me notas, moedas, dai-me. Loucura, lassidão. Eu apago isto, decididamente, mais logo. Antes que a Clara Ferreira Alves e o besugo me leiam.
A economia está difícil. Li muitos autores que concordam comigo. E eu, embora com reservas, concordo com eles. Nisto, nunca se sabe. E mesmo isto é duvidoso. Está difícil.
Sou uma referência, eu sei, embora tenha esta cara que tanto dá para pastor como para emblema do rebanho. Está difícil. Eu próprio, abstraindo do que li, vos afirmo: está difícil.
Mas não tão difícil que retire verdade ao que comecei por afirmar: começou o período de reflexão e, nele, os portugueses devem reflectir.
Ou não.
Sei é que tenho de escrever uma crónica e esta já está. Vou reflectir sobre isto, como de costume. Tem de ser, sou português e desenrasco-me. Eu, desde que haja teclas, carrego-lhes. Estranho é não me sair música e não haver sustenidos. Disseram-me que o meu problema é faltar-me uma clave. Mas eu acho que não, embora possa estar enganado. Depende. Dependo. Pendo de onde?
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