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18.7.05

Baratas tontas

Um dos bombistas suicidas que se deflagrou em Londres chegou a estar referenciado pelos serviços secretos britânicos e, por qualquer motivo que pareceu curial, sob vigilância. Depois, eventualmente por ter deixado de ser considerado perigoso, a monitorização cessou.

A questão relevante, até perante o singelo facto de os outros três "homens-bomba" (ou seja, 3/4 dos operacionais-mesmo-operacionais) nem sequer terem sido, alguma vez, suspeitados por quem quer que fosse, nunca deveria ser esta. Mas foi:

- Quem é o responsável pela cessação da vigilância? Averiguemos.

E, seguramente, esse desgraçado há-de ter de explicar-se. E, se não se explicar bem, há-de ser punido. E há-de ser apontado como mais uma razão para o terrorismo ter sucesso. Purgam-se os nossos grandes e intoleráveis medos na punição das pequenas culpas do outro, à falta de melhor. Registo isto, como mais um exemplo da "trabalhadeira" agitação humana perante tudo o que nos foge ao controle. Mas é só mais um exemplo do que estou farto de saber, que a regra geral é simples: o erro julga-se pela sua consequência; não que isto esteja certo, mas doutra forma não há notícias.

Quero eu dizer, com isto, que não se investigue quem tem a responsabilidade pela cessação da vigilância? Não, senhores. Deve, até, ser fácil saber quem foi. Bem mais fácil, se calhar, que o que terá sido ao responsável pela determinação (o "negligente") prever que aquele indivíduo iria fazer o que acabou por fazer.

Sabem o que é um Holter? Um Holter é um mecanismo simples, um aparelhómetro que monitoriza os nossos batimentos cardíacos, isto assim basicamente, traduzindo-os, depois, em traçados electrocardiográficos. Serve para detectar arritmias, por exemplo. Uma arritmia é, de forma simples, uma alteração do "ritmo certo".
Havemos de acabar aí, no Holter global. Reparem que não discuto, sequer, a bondade disto, só estou a tentar adivinhar para onde nos levam e a tentar, desesperadamente, acertar o meu ritmo. Para não ter de passar pelos suplícios do digitálico, da amiodarona, pelos efeitos indesejáveis de todos esses "novos afinadores de piano" que aí vêm. Que não sabem de música uma semi-fusa, mas sabem de som.

Reli, neste fim-de-semana, ao sol, umas crónicas antigas de Miguel Esteves Cardoso. Lembrei-me agora disso porque, numa das "suas aventuras na república portuguesa", ele falava (no final dos anos oitenta, vejam só, isto agora deve ter refinado) nos portugueses que, não ligando sequer à música que escutavam, eram fundamentalistas da qualidade do som. Das colunas e dos amplificadores. Como - e isto nem sequer é discutível - para ouvir os "Coldplay", por exemplo, que são vulgaríssimos de lineu, não é preciso mais que um rádio de pilhas, convenhamos que há portugueses (e outras pessoas, seguramente) que não se centram no importante porque não conseguem, isto por um lado, e porque o importante é muito difícil e não se resolve, geralmente, fazendo contas fáceis. Sai Coldplay, pronto. E sai. Sobretudo porque entra.

Há quem, com a casa a cair, acabe por chamar um trolha que lhe pinte o escalavrado tecto do quarto. Sempre fica melhor, pintadinho...
Parece-me que isto vem a propósito mas não me peçam para explicar porquê. Nem sei, nem preparo a papa a ninguém desde que o João cresceu.

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