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10.5.05

É fascinante

Luís Delgado tem uma característica extraordinária qualquer. Eu tenho tentado catalogá-la (o meu sonho era ser bibliotecário, essas coisas assim para míopes, admito), até hoje, sem sucesso.
Quando li isto, lembrando-me doutras coisas que lhe li, encontrei-lhe o rótulo. Isto é imbecil, eu sei, não se deve rotular ninguém. Pode-se dar com um taco de baseball nas rótulas de alguém, por exemplo, é crime, vai-se preso, pronto. Mas rotular não se deve. Nem se pode, porque não se vai preso e é, ainda por cima, redutor. OK, mas eu, a este, rotulo na mesma:

As crónicas de Luís Delgado obedecem ao seguinte ziguezague mental, que é profundo e exigente do ponto de vista dos neurotransmissores:
"Em não chovendo, vai estar um sol do caraças; a menos que neve ou que, em alternativa, a névoa nem sequer levante. Vamos a ver. E oxalá corra tudo bem. A menos que corra mal e, nesse caso, eu também pensei que pudesse ser assim."

E, se duvidam leiam outras coisas dele, no mesmo local. Para ele, seja o Papa, seja o Blair, seja o futebol, seja o que for, "vamos a ver".
O meu falecido avô, já para o fim da vida, era assim.

Eu gostava muito do meu avô.

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