Carta a Coruche (outra)
Caro José:Não sei se fizeste conforme eu te disse ou se, apenas, nos sairam bem as coisas.
O certo é que ganhámos este jogo, que era um jogo para ganhar. São todos para ganhar, eu sei, mas agora era este. E ganhámo-lo.
O Liedson fez aquela parvoíce (é sabido que os árbitros não toleram faltas de respeito, fizeram o mesmo ao Quaresma; ao Petit e ao pequeno gnomo de Constantim é que não, porque já lhes basta terem os problemas de afirmação pessoal que têm, por via do aspecto execrável, quanto mais corrigirem-lhes défices educativos) de atirar a bola para longe e, isto é limpinho, não vamos poder contar com ele no jogo com o Benfica.
Eu se fosse a ti, não pensava muito nisso. Começava a olhar para o Pinilla e a dar-lhe com força na puta daquela cabeça maluca, desde já. E, depois, punha-o a jogar.
O jogo com o Benfica é para encarar como este de hoje, com o Guimarães. É ir lá para dentro e ganhar-lhes. Não há grande diferença na atitude, nem na mentalização. Nesta fase "à rasquinha", e repara que é "à rasquinha para todos", não há lugar a grandes variações sobre o tema. É ir lá e pronto. Com a vantagem de irmos ter direito a coreografia "encarnada", sim, que há um artista por detrás de cada lampião e, em geral, penetra-o profundamente. Mas fazes assim: dás uns tampões aos rapazes, para porem nos ouvidos: é da maneira que não os ouvem (aos "écelebês") e, com alguma vantagem, não te ouvem a ti, também.
E, por outro lado, vê se entendes isto: o Benfica não é o Guimarães. O Benfica tem uma história mais radiosa mas joga bastante menos, em condições normais de pressão e temperatura.
Quando, um dia, nós formos capazes de ganhar campeonatos com semanas de antecedência, como o Porto e o Chelsea, tu serás uma espécie de Mourinho. Eu, uma espécie esverdeada de Sousa Tavares. E, nessa altura (e se tu quiseres caminharemos para isso, há aí gente boa, muito boa) nós seremos uma grande equipa.
Até lá, faz assim, conforme te digo. E não discutas. Faz como quiseres, mas ao menos não discutas.
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