O Jaime, o que não quis saber até há pouco tempo.
O Jaime está lá, já quase só deitado, em internamento terminal.Já cometi o erro do costume: conheci-lhe a mulher, que me estende uns olhos de desespero húmido, e os filhos, que me dão beijos.
Hoje, o mais novo, perguntou-me “quando é deixas o meu pai ir para casa?”.
Eu vou ter de deixar, logo que ele morra. Não vejo é como possa ser antes.
É fodido, porque me vai morrer mais uma espécie de amigo. Já lhe sei tudo, até o futuro que deixa aos dele. Dívidas, projectos, essas merdas que parecem simples enquanto temos força e saúde.
Para que me meto a conhecer os gajos que me chegam à vida já de morte às costas? Como se viessem ter comigo de mochila ajoujada com a última roupa?
Nunca hei-de conseguir ser um senhor doutor a sério. Dou-me pouco espaço, e aos outros. E isso acaba por não beneficiar ninguém, para ser franco.
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