Crónica da razão pura
Eu não vi a SIC Notícias, ontem. E do debate entre Portas e Louçã só sei o que o Alonso aqui contou.Mais a mais, sou suspeito: se concordo que, por vezes, Louçã assume uma pose de seminarista, ou seja, uma postura iluminada de quem se encontra a ser penetrado pela verdade em exclusividade e permanência, também confirmo que, aquilo que me é mais intestino (visceral, pronto, o intestino é uma comprida víscera, tão comprida que há grande possibilidade de apanharmos lá um cancro... eu sei que a próstata e os ovários são mais pequenos e aquilo também descamba, frequentemente, para a neoplasia; mas isto é a linha geral dos meus argumentos, a que ninguém ligará, por favor, mais que a um apêndice), dizia eu que aquilo que me é mais intestino, mais imediato, mais catárctico, no sentido que se atribui aos enemas, é, exactamente, isto:
Paulo Portas estava presente e falou? Pois, então, caca.
Quem estava lá era Louçã? Pois, então, nem que seja por contraponto, viva a higiene e a limpeza.
Bom, eu sei que isto não é bem assim. O que Louçã disse (eu acredito no Alonso, homem de bem e, isto é verdade, fiel depositário - selon Louçã, lui-même - de qualquer discussão sobre a IVG, aqui no blogue e em quase todos os blogues do mundo... é que é mesmo verdade, são muitos e bons, os filhos do Alonso!) foi um tiro no pé, do ponto de vista kantiano.
Mas tenho para mim (gosto desta frase intimista, admito) que Louçã se enervou. Mas, também, quem não se enerva perante Portas? Até Kant, esse calminho! Quem, na plena posse de 2/5 dos seus sentidos (ou 2/6, segundo o tamanho do grelo) não sente um nojo próximo da vómica por Portas? Aí 7% do eleitorado? E quantos destes são parecidos com aquele pequeno caixa-de-óculos que parece um sapo, que agora aparece sempre ao lado de Portas? Ou seja, quantos deles vacilam entre serem Sanchas ou Telmos? Sim, eu disse Sanchas, é uma variedade de Cogumelos.
Louçã enerva-me às vezes, Alonso. Portas enoja-me sempre. É visceral.
Tu não. De ti eu gosto, mesmo quando vais buscar estas coisas pequenas à SIC Notícias.
Louçã passou-se e não teve razão, o que acontece frequentemente a quem se enerva: perde a razão. Pois. Mas só isso. Até Kant diria que se trata aqui de perder a razão perante uma razão impura.
O mal, o que é?
É eu sentir-me um vilão se não te dissesse isto, Alonso. Pega lá um cigarro e poupa-me, que eu sei que isto é tão visceral, tão de beduíno, tão de babuíno(?), que só tu vais entender e perdoar, que tu conheces o babuíno em questão. Perdoas tu e perdoariam os restantes 93% do eleitorado português, caso me lessem.
<< Home