blog caliente.

24.10.04

O redentor



O uga-buga brasileiro que reside na Quinta poderia ser, se preciso fosse, um arquétipo de todas as variante da sub-cultura brasileira. Agrega em si tudo o que o Brasil tem de mau - é palavroso, prolixo, pastoso, bajulador e presunçosamente ignorante - e nada do que o Brasil tem de bom (que, felizmente, é bastante mais e mais marcante do que aquilo que Brasil tem de mau). Ostenta, com apatetado orgulho, abundantes músculos profusamente tatuados e cultiva meticulosamente o look pró-rapper mais vulgar de que há memória, com o que se sente satisfeito com o que é e seguro de que não precisa de mais, como sempre sucede com os néscios.

No entanto, o público acha-lhe graça, como diria a Cinha, sua (dele) colega. E isto tem uma explicação longínqua, muito embora evidente: é ao advento da importação massificada da telenovela brasileira e quejandos, precedido de quarenta e muitos anos de sistematizado embrutecimento cultural, que devemos agradecer uma boa parte da estagnada anti-cultura portuguesa moderna, feita de idolatria de Wanderleys e de Suelis, de Carnavais de Alcobaça e de casinhas onde moram famosos ao serão depois da sacro-santa visita dominical ao xópingue. E de gritos primitivos de morte ao árbitro, de adeptos bairristas que odeiam sanguinariamente os adeptos dos outros bairros. E de baboso assombramento sobre os pormenores das mortes macabras perpretadas por agressores psicóticos, que possuem a essencial característica de serem reais.

O uga-buga brasileiro, porém, e tal como já tem sucedido com outros profissionais do arame, chegou para nos redimir: "opá! Eu adoro voceís, adoro Portugau, país irmaoum, os portugueses saoum legais, vai daqui dji dentro um abraçaoum prá todos voceís!. Tá, OK.

Na foto, aí está ele a desejar-nos "tudo dji bom". Até lhe mudarem o chip...

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