Mau começo
Regressei da última maratona "urgencista" ao som da TSF, que difundia o discurso de José Sócrates no Congresso do PS. Disse muitas coisas. O que já era claro, transparente se tornou: o homem prepara-se, é incisivo, assume-se, é trabalhador. Vai ser um bom líder da oposição, até porque já estamos todos fartos de assistir ao protagonismo oposicionista mútuo dos partidos do governo (o grande e o pequenino em bicos de pés). Eu, pelo menos, estou.Do que Sócrates disse não me apetece falar. Já falou ele, não faltará quem fale a seguir, chover no molhado é interessante mas acaba por saturar terrenos menos absorventes, sobrevém uma inundação, morre gente nos lamaçais, nas enxurradas, a dor e o tédio misturados num saco pequeno demais para tanta coisa.
Vamos às omissões. Eu digo uma.
Que foi que ele não disse? Não disse nada sobre os Hospitais SA. O que é preocupante.
Depois de arrear num governo xéxé-xóxó e xaroposo, num primeiro ministro "pouco dado a monotonias e avesso a pensar antes de agir (e, mesmo durante e depois, depende...)" e num partido que se deixa rebocar, de forma pouco menos que humilhante, por uma "invenção" do ex-escriba director do "Independente" que se chama PP/PP (Pequeno Partido de Paulo Portas), Sócrates optou pelo discurso de estado.
E foi nessa fase de estadista, quando falou na Saúde, que se "esqueceu" de dizer aquilo que é óbvio: a extinção imediata, enquanto estamos a tempo, dos Hospitais SA é o mínimo que qualquer socialista tem de defender quando aborda o tema "Saúde".
Sobretudo depois deste vergonhoso documento de mais de 90 páginas ter saído: Proposta de Acordo Colectivo para os Hospitais SA, chama-se assim a resma de ignomínias de que falo.
Sócrates conhece-a, seguramente. E, se nada disse sobre ela, é mau sinal. Porque é o tipo de coisas que não se omite por esquecimento.
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