blog caliente.

25.10.04

Ditadores que caiem e comissários que vão à missa ...

Antes de mais, começo por agradecer ao besugo e à lolita as palavras simpáticas que aqui deixaram a propósito da mais nova das minhas "alonsitas".

Pedindo ao besugo que, em vez do microscópio, lhe ofereça um daqueles martelinhos com que os médicos nos faziam dar um pontapé sem querer. Acho que ela vai precisar mais de uma arma para se defender dos irmãos do que de um aparelho que eles estragam antes dela saber olhar lá para dentro.

Pedindo à lolita que lhe mande "O Capital" (perdi o meu). Leva menos de dezoito anos a ler e, se o ler na idade certa, compreenderá melhor mais tarde porque é que o BE precisa de uma refundação, com menos vedetismo e mais humildade proletária e colectiva. Ana Drago ... prepara-te para a reforma!

Mudando de assunto:

1 - O Fidel caiu. Vai por aí (e por aqui) um sururu enorme sobre aqueles a quem a queda diverte e aqueles a quem a queda não diverte.

Eu, por mim, tive pena dele. É uma sina minha, ter pena de ditadores militares sul-americanos.

a) O Pinochet, esse banana que entregou o poder em referendo (o que o transformou num renegado dessa ilustre família) fez-me pena quando o vi na cadeira de rodas (se bem que nunca percebi porque é que ele se vestiu à civil e tirou os óculos escuros. Perdeu-se um ícone ...);

b) O Noriega, esse ícone do "flower power" ou do "sex and drugs and shoot'em all", fez-me pena quando o vi preso pelos americanos;

c) o Videla, esse "uomo di rispetto" argentino, faz-me pena quando o vejo acossado pela justiça argentina;

d) O Fidel, esse arauto da liberdade, que chora copiosamente quando manda prender escritores e fuzilar "compañeros" que não percebem bem como ele é bom para eles, fez-me pena quando caiu.
Consola-me que tenha caído fardado. Não há nada como uma bela farda para amenizar a indignidade de uma queda;

Enfim, todos estes deviam "cair" como fizeram cair tantos outros. Com honra, com farda e diante um pelotão de fuzilamento (sem venda). Gritando o que quizessem, de preferência "Libertad o muerte" ou então "Pátria o muerte".

Ridículo, ridículo é cair como caiu o nosso Salazar. Um reles civil ... que caiu porque se partiu a cadeira. Enfim, não gozarei com o homem, para não ofender o sentido de "respeito", tão caro à lolita.



2 - Outro sururu que vai por aí - não tanto neste blog, é certo - tem que ver com o Butigglione (ou lá como é que isso se escreve). A lolita diz que não percebe porquê, e aproveita para mandar umas farpas ao Berlusconi.

Eu percebo: o Butigglione é "fracturante". De uma "fracturância" nova. E é também um sinal dos tempos. À medida que a "doutrina social dominante e politicamente correcta" se vai consolidando, vai também evoluindo na sua relação com aqueles que lhe escapam. Agora já não lhes exige apenas que sejam discretos nas suas convicções religiosas - se as têm e querem ser políticos - exige também que as percam ou reneguem.

Dito de outra forma, levanta-se agora, com pertinência, a seguinte questão: a da compatibilidade do exercício de funções públicas com a pré-existência de convicções religiosas do candidato ao cargo.

Como sinal dos tempos que é, este episódio é merecedor da devida nota e da devida reflexão.

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