A luta continua
Se os deputados decidiram que, a partir de agora, poderão trocar o conforto da "executive class" pelo calor da companhia e se podem, então, viajar em classe turística sem que fique beliscada a dignidade do cargo, podemos esperar que, dentro de algum tempo, seja aprovada nova resolução na Assembleia nos termos da qual as viagens oficiais deverão ser
sempre feitas em classe turística, sem acompanhante que, não sendo deputado, não se disponha a pagar a viagem do seu bolso e, ainda assim, só se a distância for apreciável, porque de outro modo viajarão, enfim, de comboio, de viatura particular (uma Space, onde podem até levar toda a família) ou qualquer outro meio de transporte alternativo. Estamos no caminho certo, o da transparência. E, neste patamar intermédio, o da promoção dos valores da família (o que me faz lembrar, a propósito, a Carta aos Bispos do Cardeal Ratzinger do final do mês passado), ainda que não se trate de família
de iure (também vale para acompanhantes). Passear vão
quase sempre, porque sempre se vê a paisagem e há frequentemente tempo para "visitas de gosto pessoal" para além do protocolo. Os senhores deputados recordar-se-ão agora, com comovida saudade, dos mártires do desdobramento de viagens, até agora clandestinos, que tiveram de ser sacrificados para que, alguns anos mais tarde, lhes fosse reconhecido um tão elementar direito. Hão-de, até, fazer-lhes a sentida homenagem nos dez de Junho dos próximos vinte anos.
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