Quarta a fundo
Sabe, caro amigo? Eu, no outro dia, não quis dar-lhe nenhuma explicação sobre nada. Você não carece de explicação nenhuma, aliás. Muito menos minha, quem sou eu, sei lá eu da vida? Sabe alguém? Pois.Uma coisa já entendemos ambos: não há cuidados paliativos organizados em Portugal, como não há outras coisas organizadas em Portugal. Eu ainda tenho Pai, Mãe, só já não tenho avós e alguns tios. Como eu o entendo, o tempo não pára!
Percebi, ainda bem (que eu nem sempre percebo logo... e depois esguicho sem nexo, peço desculpa), que temos isto em comum: este interesse desinteressado pelo bem estar e pela dignidade dos outros. Quer você agarrar-se a isto e irmos discutindo? Desculpe esta interpelação despudorada, às claras, mas deu-me para lhe ler os escritos todos e percebi que pode ser assim. Quer?
O meu Hospital tem, na gaveta do bafio, um projecto de cuidados paliativos domiciliários a doentes oncológicos, subsidiado pelo programa Saúde XXI. Um projecto com equipa hospitalar formada, com perfeita definição de objectivos, tudo! Gente que chegou a fazer formação em Odivelas, que é uma referência, como sabe, em termos de cuidados paliativos em ambulatório.
O advento das SA abortou o projecto. Isto é objectivo, por redutor que seja, mas aconteceu assim. Até a carrinha, que tinha sido prevista para a deslocação dos profissionais, se encontra, agora, a servir de carregadora de processos clínicos entre pavilhões, conduzida por maqueiro reconvertido.
Isto não é normal. A disponibilidade das pessoas não pode ser tratada como se fosse lixo: outrossim desmotiva, agasta, mete nojo.
Vamos traçar aqui um plano, nem que seja utópico: você, que é mais antigo na blogosfera, conduz. Eu colaboro. Lance os dados e jogue. Se quiser.
Um abraço.
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