Vamos falar a sério dois minutos?
Numa tarde ensolarada deste Julho aceso, entre braçadas, não resisti: venho mesmo falar um bocadinho do Sporting. Desculpa, manolo, mas a vitória sobre a Grécia não depende do meu silêncio. Estás a ficar um macumbeiro, como a lolita. Qualquer dia apresentam-te um "organigrama hierárquico" diferente, ainda mais acintoso que o que te afixaram há uns meses na Unidade... e vais achar que foi tudo por causa do calor.Não sei se os dirigentes da SAD do Sporting entendem alguma coisa de futebol. Nem de gestão sei se percebem, mas espero que percebam, ao menos, mais um bocadinho disso que da bola.
Dias da Cunha, o presidente do Sporting, terá afirmado que, por ele, o plantel está completo. E que a grande aposta do clube deverá residir na formação. Muito bem. Eu até me tornaria um incondicional adepto desta aposta, caso acreditasse nela. O problema é que não acredito. Só acreditaria se:
1 - Não se tivesse acabado com a equipa B, ainda por cima sem explicação credível e depois duma época desatrosa na segunda divisão. Assim, parece que o projecto caiu por termos descido, em vez de, já que era um projecto bom, fazermos tudo para o manter e para subir de novo. E era um projecto com alguns anos de vida... descemos, já não é um projecto, sequer. Eu fico lixado.
2 - A formação fosse feita com cabeça, projectando sempre o futuro sem esquecer que se vive, sobretudo, hoje: quantos pontas de lança e defesas centrais de qualidade tem "produzido" o Sporting, nos últimos anos? Pois. O Hugo Viana é médio, o Quaresma (que vai para o Porto ainda em idade de formação, e que bem lhe vai fazer!) e o Ronaldo são extremos (o Ronaldo é muito mais que isso, enfim, mas há-de verificar-se isso fora do Sporting) e... que mais? Resmas de Carlos Martins, assim às medas, mais o Santa Maria. É que parece que se formam jogadores todos iguais, o que não é racional, nem augura grande potencial de "eleição". É estúpido. O Porto, pelo seu lado, formou o Ricardo Costa, o Ricardo Carvalho (andou aí emprestado, sim, uns tempos), tem um ou dois médios putos de qualidade (Vieirinha, acho eu, é um deles), mas também fez o Hugo Almeida, o Manuel José, muitos outros. Formar jogadores com diversidade de características é mais inteligente, bolas! Lembro-me do Nantes, talvez o clube francês com maior tradição formativa, que a dada altura percebeu que estava a criar jogadores que eram, todos, uma espécie de clones uns dos outros. Dizia-se na altura, com piada, que o melhor centro de clonagem da Europa era La Beaujoire! Não pode ser, isto só serve para abastecer os cofres (se os putos forem bons e, depois, bem "vendidos"), mas nunca se fará com estas "réplicas" uma equipa homogénea.
Não se contrate ninguém, julgam que me importo? Vamos lá, é um desafio: vamos assumir que temos pouco dinheiro agora mas vamos ter mais, no futuro, porque vamos tornar-nos quase auto-suficientes em termos de recursos humanos. Porque vamos, nós próprios, formar os nossos jogadores. Eu até preferia assim! Estaremos mais 6 anos sem ganhar o campeonato? Seja. Mas com um projecto tecnicamente credível, assumido "sem a desculpa dos sistemas" e com firmeza, porque, a não ser assim, qualquer retórica cheira sempre (e só) a poupança e a má fé.
Não há dinheiro para conseguir grandes jogadores? Joga-se com os que temos. Mas não andem aí a brincar às contratações tipo "feeling", assumamos a penúria duma vez ... e fica assim. Eu hei-de sempre achar, antes de cada jogo, que podemos ganhá-lo, jogue quem jogar. Digam-me qual é a equipa que vamos ter, digam-me que é a que podemos ter, e eu sou dessa equipa, sempre. Andem a brincar às alternativas, de maneira a que a gente nem perceba bem se cada jogador contratado é uma terceira ou uma quarta escolha, ponham-se a brincar aos entendidos... e estamos conversados: fico aborrecido, não me cai bem manjar nenhum, é uma azia bisonha.
Por outro lado: que nenhuma SA (D ou não) se esqueça das razões primeiras da existência das coisas. Um hospital existe para tratar doentes, não existe para empregar médicos, nem para apresentar boas contas semestrais. Uma equipa de futebol existe para competir, para ter adeptos que se revejam nela e dela gostem, não para empregar gestores. Que nunca se percam de vista os objectivos, que não se tome a nuvem por Juno. Já se jogava futebol há muitos anos e, doentes, sempre os houve. São as coisas, as pessoas, as essências, que criam necessidades. Não me invertam o mundo agora, comigo dentro!
Não, não sou adepto de realidades virtuais. É mesmo da "chicha" palpável que eu gosto. E da "chincha". E de discutir, de ensinar e aprender. E de muitas mais coisas, mas não vêm agora ao caso, para não desenganar o Altino na opinião que tem de mim.
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