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7.6.04

Símbolos

Escrevo enquanto ouço o hino da ex-URSS que é, de facto, muito, muito bonito. Discordo do besugo: um hino não é só um hino. Motiva vontades colectivas e desejos ambiciosos, embora provavelmente inalcançáveis porque o ser do mundo desvia-se constantemente do seu dever ser; mas nunca o perde de vista. Condenada que está a humanidade a errar sobre si mesma e a repetir viciosamente os erros que cometeu no passado, não deixa, porém, de ser ditosa na existência e intensa nas vontades. Há sempre algo de grandiosamente esperançoso na acção humana e quando essa acção humana é colectiva tem o estrondoso poder de gerar mudanças, evoluções, mesmo quando ocorrem desvios no rumo.

Sim, tenho uma costela ultra-humanista. Lembro-me de, no ano passado, estar a almoçar e a ver na televisão as imagens da queda da estátua de Saddam Hussein no Iraque. A pessoa que me acompanhava comentou: choca-me, este desfazer de símbolos.

Não é precisamente por serem símbolos que é preciso desfazê-los? Isto, neste contexto, pode ser o que quiserem, menos negativo... Até porque ninguém consegue desfazer um símbolo enquanto ele for o espelho dos sonhos de quem o concebeu.

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