Um dia diferente ...
Na semana passada saí da cidade. A caminho das serras.Ainda era noite quando me fiz à estrada. A1 até Coimbra, IP3 até Santa Comba Dão, ICqualquer coisa até Nelas, um pedaço de estrada e IP5 de Mangualde a Celorico da Beira. Depois ... centenas de curvas e contracurvas até ao destino. Não sei quantos quilómetros fiz, mas cheguei lá - a Torre de Moncorvo - quase 4 horas depois de sair de Lisboa.
O que eu lá ia fazer não se fez. Mas não dei o dia por perdido. Em primeiro lugar, porque gosto de guiar, em segundo lugar porque gosto muito do Alto Douro e costumo gostar de quem lá mora. Aliás, hoje em dia apresso-me, nestas ocasiões e para quebrar o gelo, a invocar as minhas raízes (também) transmontanas. E o gelo (não é bem o gelo, é eu ser olhado como "o tipo que veio lá de Lisboa" ... o que detesto) normalmente quebra-se, gerando-se uma cumplicidade que não se diz, mas que se sente.
Enfim ... passei por lá a manhã e ao fim desta resolvi ligar a um amigo que não estava muito longe (era hora e meia de caminho a juntar às quatro que me restavam de regresso mas, como disse, gosto de guiar e, por outro lado, já não tinha pressa nenhuma).
O gajo relutantemente lá aceitou que eu o visitasse. Parece que tinha um concerto no Porto de um chalado qualquer que os citadinos do Norte apreciam e tinha pressa de se ir embora. Ainda assim, lá fui eu, de serra em serra, de curva em contracurva, passando por Vila Flor e desembocando em Mirandela, onde "azimutei" a Vila Real.
O IP4 já prenunciava o regresso à civilização, mas a paisagem continuava a ser soberba e ainda me fui cruzando com os carros de um rali de gente fina (clássicos, com predominância de descapotáveis britânicos - Aston Martin, MG, Austin Healey, Jaguar, Triumph .. um regalo). Não sei se sabem que eu tenho o firme propósito de comprar um Morgan a curto prazo, mas isso agora não interessa.
Chegado a Vila Real, lá me dirigi ao estaminé do meu amigo e lá estacionei o carro nos lugares concedidos ao povo.
Ele apareceu com o aquele ar "eu sei que não parece, mas estou cheio de trabalho". E eu, compungido, lá fumei um cigarrito dos dele. (parágrafo surrealista, mas apeteceu-me escrevê-lo).
Depois, foram mais uns quilómetros de montanha, mais curvas e contracurvas até ao almoço e do resto não falo, nem a ninguém interessa. Salvo para dizer (isto de teclar da enxovia em que estou preso não é fácil), que almocei como um príncipe, e em excelente companhia (tirando o meu amigo, claro).
PS - A minha passagem pelo IP4 foi sem história. E se "falasse" sobre o binómio sinistralidade rodoviária/assimetrias ainda teria que escrever muito, provavelmente de pouca utilidade face ao que já li e foi aqui escrito.
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