O globo bárbaro foi ao fotógrafo
Não é a barbárie, só por si, que me indigna e entristece. É a barbárie hiperbolizada na alegria ignóbil da humilhação do (pelo menos momentaneamente) mais fraco. Falo das fotografias do Iraque.Mas eu já vi disto no Ruanda. No Congo. Em Angola. Na África do Sul. Em Timor. Na ex-Jugoslávia toda. No Líbano. No Iraque. No Irão. Na Irlanda. Sei lá onde mais. Em todo o lado. Aqui.
Ter visto a barbárie muitas vezes, em muitos sítios, retira-nos o direito à surpresa. Ninguém pode, honestamente, surpreender-se "de si". Mas o direito à tristeza e à indignação, ainda que afogado numa certeza magoada de "eu já sabia", é legítimo.
A profilaxia da barbárie deve começar na auto-vacinação. Na consciência, que é onde estas vacinas actuam melhor. O resto é análise distanciada, um afagar de mortos, um rol de causas e consequências que se esquece do essencial: é mesmo connosco.
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