blog caliente.

10.5.04

O concerto propriamente dito

Eu não queria sair. Eu queria ficar ali, mas não podia. Já tinha acabado. Contei quatro "encores", mas podem ter sido só três. Eu perco-me quando não me seguro bem.
Toda a gente pedia "She", em surdina ou em altitudes de angústia. O homem de preto, que se soltou com o tempo (entrou frio, nervoso, acinzentado, embora seguro), recusou. Entende-se. Eu entendi. Apeteceu-lhe renascer das cinzas nos "encores". Tocou e cantou coisas antigas, abandonou-se. "I'm in the mood again". Mostrou a guitarra e mostrou-se nela. Acompanhado (tão bem!) pelo discreto Steve Nieve, quase comovente no enorme brilho da sua simplicidade talentosa.
A sala cheirava a perfumes, cheirava bem.
Percebi cedo que o homem de preto não ia cantar "She". Muito antes de ele dizer "que Aznavour não estava ali" (eu nem ouvi, contou-me o Paco, depois) já se tinha entendido que quem estava ali era ele, o homem de preto.
Fez bem. Fez-me muito bem.
Foi pena ter cantado "Still" muito cedo, ainda sem tempo para haver fervores acesos no palco e na plateia. Fiquei triste, coisas minhas, mas compenso ouvindo agora, enquanto escrevo isto.

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