O concerto (I)
Começou cedo. Obrigaram-me a desfazer a barba de três dias e torceram o nariz à minha decisão de ir de preto. Mas fui. Conduzido por uma destemperada, com outra ao lado, que nos obrigou (ao GS, a mim e a um céptico) a partilhar as agruras de solavanco ... do banco de trás. Sobrevivemos relativamente bem.À entrada do Coliseu, um drama passional: dois vendedores de revistas, com sotaque à Caixodré (o sotaque lisboeta assumido é do mais chula que já ouvi), decidiram mostrar ao mundo quão competitivas são as esferas paralelas ao show-biz: desataram a verberar-se, quase se envolvendo numa guerrilha urbana de chapadão. Toda a gente percebeu que o essencial (Elvis Costello, no caso) tem sempre, por detrás de si, sem que ninguém - muito menos o essencial - o peça, uma cáfila de parasitas. Com sotaque evoluído, geralmente.
Logo depois do nosso último cigarro, entrámos. O homem entrou logo a seguir, como se nos esperasse. De preto, descontraidamente, sem se fazer anunciar, começou a tocar e a cantar. E a emocionar-me. Mas isto é o concerto propriamente dito. Eu, depois, falo disso.
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