Menozumpómonte
Começo por pedir desculpa ao óbvio inspirador deste título, agora gerente de Café. Tem cimbalino?Ora bem. O facto é que desapareceu mais um blogue, o Dicionário do Diabo. O autor despediu-se de nós, apagou textos porque imposições editoriais lho ditaram (vai sair um livro com textos do blogue, ou já terá saído, até...) e consola-nos com leituras alternativas noutro sítio onde, vai avisando, será diferente no escrever. Bom, será diferente, pelo menos, na assiduidade, isso percebe-se. Adverte que terá outros projectos.
É pena. Uma pena relativa, como todas as penas. Mas uma pena grande. Enfim, Pedro Mexia também escreve bem, mas vai continuar a fazê-lo onde mais lhe apetecer; fica, portanto. Não, não peço desculpa pelo "também" que escarrapachei na frase anterior. É um "também" justíssimo para a blogosfera. Muito justo e elogioso, também, para Pedro Mexia.
Imodesto, isto? Não brinquem comigo. Leiam mais do que se lêem , que entendem. Não é imodéstia, é serenidade de besugo cansado. Vão lendo por aí.
Gosto de ler o que escreve o autor do Dicionário do Diabo. Finou-se o Dicionário? Vou ler o homem noutro sítio, onde ele escrever, sempre que eu quiser. E vou querer, como quero sempre que quero.
Bem vistas as coisas, nunca li Eça em blogue nenhum. Nunca fez um blogue, o sacana! (Se fez um, despediu-se antes de eu chegar. Estaria entediado? Assim cansado, já, de si? Saberia que eu vinha a caminho e deu de frosques?). E, no entanto, li-o. Li, mesmo, Pedro Mexia, que não é Eça! O que é óptimo para ambos. E para mim.
É isto que me intriga mais, de facto: carregar num "link" e, quase imediatamente, ler quem me apetece ler, é bom. Fazer o mesmo e "já não dar"... cheira-me a abandono. A traição. Como se os amigos - não é assim, ao menos um bocadinho? - fossem saindo, precipitadamente, porque nós chegámos. Não é por isso, eu sei, mas ocorre-nos que seja. É a vida. Tendemos a achar que somos importantes mesmo para quem não nos conhece. Quando alguém sai, "sai-nos". A gente sobrevive e continua mas, por algum tempo, já não parece o mesmo.
Só mais uma coisa: quando mais alguém se cansar de andar aqui, que não alegue falta de tempo, ou outros projectos, para se ir embora. Não cola. Parece que a "esfera", a "blogosfera", se centra no umbigo de cada um. Logo ela, a "blogosfera" que é o paradigma do "pluri-umbiguismo"(*)! Eu, a lolita, o alonso e o manolo trabalhamos mais do que os senhores todos juntos (**), os nossos projectos diários (e nocturnos, telefonem ao manolo, hoje à noite, a ver onde ele está! e telefonassem-me ontem!) não contemplam a escrita senão como uma vertente adictiva (***) da prática quotidiana (os diários clínicos, os recursos... podem rir-se, seus felizardos!) e, mesmo assim, há sempre tempo e talento para nos irmos vertendo. Sim, talento. Um bocadinho que seja. Para não defraudar expectativas, ao menos, por minúsculas que sejam. No nosso caso, obviamente.
Se eu estivesse para aí virado, no espaço de cima podia botar uma imagem qualquer. Mas não. Eu sei, isto é um truque muito usado em publicidade, fortes bestas os publicitários. Não gosto deles, são inúteis, há campos por lavrar.
Aí para cima coloquei uns asteriscos. Ora bem, passo a explicar.
(**) - Trata-se, aqui, duma provocação de besugo, que sabe lindamente que uma das coisas que não se podem dizer a nenhum português é "eu trabalho mais, mas muito mais, do que tu".
(*) e (***) - Aqui, besugo expressa genuína esperança na dissecção do neologismo aspeado ("pluri-umbiguismo") por parte de quem, seguramente, tem mais tempo para pensar nas palavras que para as utilizar. Não, besugo não cita, hoje não está com espírito de redondel. E, contrito, jura saber distinguir adição de adicção.
Tudo somado acaba por traduzir uma dependência. Ele diz que sabe, besugo.
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