Semelhanças
Já quase refeito do forte trauma da noite passada (embora ainda fraquinho) deparei com a perspicácia do manolo. Tive um pico febril, mas o paracetamol é uma excelente droga para sezões europeias.Se fosse uma mulher deveria chamar-me Maria da Assunção, tal o número de coisas que sou dado a assumir. Assumo mais esta: de facto, navego nas mesmas águas esoterico-explosivas do intelectual Omar Bakri Mohammed, que dizem ser da Al- Qaeda (e, em não o sendo, percebe-se, pelo menos que ele gosta que se diga isso).
Li a entrevista que lhe fizeram, num subúrbio londrino (pelos vistos podia ser num comboio). E impressionou-me, de facto, a similitude de chatices que ele (o Omar) e eu (o besugo) já tivemos de enfrentar.
Ele disse isto (o P. é de pergunta, foi o jornalista que perguntou; o R. é de resposta, foi o vicejante muçulmano que respondeu):
P. É verdade que dos oito detidos sob suspeita de organizarem um atentado em Londres, sete eram seus alunos?
R. É verdade. Mas lembro-me que eles nunca concordaram com o respeito pelo pacto de segurança. São "free-lancers", não pertencem à Al-Qaeda. Outros dois alunos meus também abandonaram um dia as aulas e foram-se fazer explodir na Palestina, sem me avisarem. Fiquei muito zangado.
Eu entendo perfeitamente o senhor professor Omar. Eu já dei aulas, em tempos. Se dois dos meus alunos (bastava até um, que eu sou um nervoso) me abandonassem as aulas para se irem fazer explodir, eu ainda entendia. Mas estilhaçarem-se sem me avisar previamente? E logo na Palestina? Caramba. Estavam tramados comigo: cartinha para os pais a exigir comparência no Conselho Directivo e, eventualmente, reprovação por faltas! Olarila*! Ou então, suprema condenação, provas globais no fim do ano. Era limpinho. Não havia pacto de segurança que os safasse.
*- Não, não é contigo, continua a emagrecer e a negociar submarinos.
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