blog caliente.

20.4.04

Camisas negras

São como as brancas, até por isto: grupos de tipos vestidinhos da mesma uniformizada coloração, em não se tendo reunido, de chuteiras, para jogar à bola, lembram sempre alcateias. Uns mais, outros menos. Mas uivam.

O CAA referido pelo camisa negra (obrigado, Ma-Schamba) é, presumo facilmente, o CAA do blasfémias e da Nova Democracia. A ser verdade o que presumo encontro-lhe, desde logo, uma virtude que eu próprio não detenho: ele dá um rosto ao que escreve. O dele.
É um muito bom blogue colectivo, o blasfémias. Eu gosto. Claro, se um dia o blogame mucho decidisse classificá-lo em estrelinhas, a SM e o GS (sobretudo este!!!) iriam pagar fortemente as duas míseras côdeas que nos atiraram, mas enfim...

Isto é a brincar, mas a seguir já não é.

Eu não pude ler o texto original do CAA (os tipos da Nova Democracia vão no nº 2, aquilo foi no nº1, pelos vistos...) que é referido pelo camisa negra. Mas percebe-se o que está em questão. E o que está em questão é o seguinte:

1 - Fica por provar que o tal decálogo de CAA seja disparatado. Pode acontecer, outrossim (adoro esta palavra, como já disse), que o camisa negra não seja, de facto, de extrema direita, "um fascista impenitente", como ele cuida ser. E que as pessoas que o conhecem, ao não o reconhecerem no decálogo, apenas infirmem esta possibilidade... "Ó camisa negra, nãaaa... afinal tu não és de extrema direita, pá.".
2- Por outro lado (pelo lado que mais lhe aprouver, obviamente), o camisa negra não se lembra de nenhum fascista "que reuna aqueles requisitos... pelo menos cumulativamente". Isto apenas lança mais uma dúvida: será que o camisa negra tem boa memória ou, muito simplesmente, anda a rotular mal quem vai conhecendo, pelo menos do ponto de vista da coloração do enxoval de camisaria?
3 - De extrema esquerda poderá ser, talvez, o camisa negra. Mas para isso teremos de esperar que CAA se decida a elaborar um decálogo para essa franja do espectro político-pensador mundial e, mais até do que isso, aguardar que o camisa negra o leia atentamente e se penetre (ou não) da sua aplicabilidade ao seu próprio bestunto intelectual.
4 - Depois, o camisa negra envereda pelo raciocínio tipo "marketing". Tenta que se pense que descobriu ali um paradoxo, no que CAA disse sobre "igualdades" e "diferenças". Ora, os liberais até são dados a enervar-me, às vezes. Eles marimbam-se para isso, eu depois também me acalmo e oiço Brahms, mas não se pressente ali paradoxo nenhum. A igualdade de que fala CAA é a dos direitos e dos deveres. Que é uma das bases de que as pessoas simples partem, honestamente, para legitimar o direito à diferença. Não há aqui qualquer contradição, parece-me.

O camisa negra diz isto, por fim, ironizando, quase queixoso:
Ou seja, para ser de extrema-direita é preciso rejeitar a igualdade e recusar a diferença entre os seres humanos. Fica assim muito difícil ser de extrema-direita."

Tudo correcto, de facto, homem: é preciso rejeitar a igualdade de direitos e deveres, exactamente, e recusar o legítimo direito à diferença, para ser (pelo menos) um embrião de camisa negra.
Ainda bem, contudo, que lhe resulta difícil, sabe? Havia era de lhe ser ainda mais.

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