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3.3.04

O cacique

O Sr. Ferreira Torres, independentemente da sua filiação (ou simpatia) partidária, da sua vertente de autarca com anos de autarquia e do seu eventual envolvimento no chamado fenómeno futebolístico, é um cidadão.
Não penso que devesse ser preso pelo que andou a fazer no campo que tem o seu nome, lá no Marco. Não fez nada que os Ultras (essa espécie de novas mentalidades torcedoras que agora há, tipos que vão aos jogos para andar a dançar uns com os outros, de costas para o campo, e que lá vão urrando enquanto fazem horas para destruir e pilhar mais algumas coisinhas cá fora, quando a função acabar) não façam ou anseiem fazer.
Não foi mais prepotente que outros caciques. Não foi mais arrogante ou malcriado que outros autarcas e dirigentes que todos conhecemos. Foi ele mesmo, o Sr. Ferreira Torres, igual a si próprio. Ele, em apenas mais um episódio da sua vigência como "Ele". Ou não sabiam que ele é assim, há muitos anos? Pois é. E lá o vamos tolerando, como toleramos outros de espécie semelhante, mais palavrão, menos burrice. Lá o vamos deixando andar, com os outros todos.
O problema é que, por ser assim, um canastrão malcriado e prepotente (há muitos anos que o é, acreditem!), lá teve direito a 3 ou 4 directos em horário informativo mais ou menos nobre, com direito a interrogatório pelos VIPs da "pivotagem" televisiva. Pobre Paulo Camacho, sobretudo este, que até se esganiçou!

Não há meio de aprenderem. Este é, exactamente, o tipo de notícia que deveria esgotar-se nisto, mais ou menos assim:
"Boa noite. O senhor da imagem, que é fulano de tal, fez esta figura caricata, que agora mostramos, em tal parte. Não bateu em ninguém mas, confessou emocionado, apetecia-lhe. Não levou, ele próprio, no focinho, é verdade, mas apetecia largamente prodigalizar-lhe bofetadas sonoras. Acabou tudo numa sensaborona salmoura de dichotes e regateirices, pelo que passamos às notícias".

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