Espreitadelas de besugo
Confesso que o Natal me faz sentir cada vez pior. Mas isso é outra conversa. E eu sei, aliás, a razão. É porque os meus Pais estão a ficar velhotes, é porque os meus miúdos já vestem o "M" nas camisolas e nos blusões, é porque não são só os meus Pais que estão a ficar velhotes... e tudo isto gira à volta do "M" das camisolas dos putos, qualquer dia entram no XL, como o pai deles, deixa de haver Pais e, no fundo, raios partam as camisolas. Eu, aqui, culpo as camisolas, como é bom de entender.
Não falo dos sem-abrigo, nem do aumento dos trinta cêntimos, nem do discurso pastoso e enjoativo (é o que eu acho, desculpem) do Dr. Durão Barroso a vislumbrar "piquenas recuperaçõezinhas..." de cagão, nem de mais nada. A bem dizer, tenciono deixar o tema do Natal pelo problema das camisolas. E asseguro-vos que já entendi, há muito tempo, que a vida é todos os dias e até um dia.
"Pronto. Então que quer este?".
Nada. Estive a espreitar um bocadinho do "A vida é bela", que parei de ver porque me incomoda de tão lindo e triste. E, como sei que me incomoda, saltei para a "2", onde passava uma reportagem sobre as Coreias. E percebi que na do Sul é Natal e na do Norte é uma triste Páscoa, mas ambas têm um excelente e grave problema de camisolas que lhes não servem.
É um caraças. Parece que o patrão da Hyundai está a ficar velho e vai morrer. E detestei o penteado do senhor que manda na Coreia do Norte, que também há-de morrer. Depois lembrei-me que aos do Norte lá ganhámos, em 1966, aos do Sul é que não, em 2002. E havemos todos de morrer, às tantas, em tempo competente. Ficou-me uma azia descomunal, baralhei tudo e encontrei um denominador comum para este fogaréu intrínseco:
Eu ando outra vez com falta de mimo.
E vou voltar ao filme, evidentemente. É muito bonito.
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