blog caliente.

12.10.03

Pérolas

São bonitas, não haverá muita gente que o desdiga. Contudo, mesmo correndo terrível risco de represálias por parte dum cruzado emotivo, caso venha a tropeçar neste calhau, devo dizer que não digeri satisfatoriamente o seguinte, que se pode ler, integralmente, aqui.

"(...)Se foi constituído arguido com fundamentação suficiente ou insuficiente, se é ou não vítima de um erro judiciário, tudo isso cabe à sua defesa discutir e provar mas não certamente na Assembleia da República. Recepções de desagravo como aquela que foi feita a Paulo Pedroso na Assembleia da República são actos próprios duma república das bananas e não dum país democrático.(...)"

É claro e cristalino que a defesa de Paulo Pedroso fará o seu papel, em Tribunal. Agora, por mim, os amigos dele podem fazer-lhe as recepções que entenderem, onde acharem conveniente. Quem não é amigo dele, ou nem sequer o conhece, que é o meu caso, deveria penetrar-se desta coisa singela, de vez absoluta: dissociar os amigos de Pedroso do partido a que pertencem. Isso, desculpe, a senhora não está a conseguir fazer. Provavelmente porque não quer, porque lhe é mais interessante insistir nessa verrina (a ver se a massifica, é uma táctica comum) de insinuar exactamente o contrário. Desculpe, mas há aí, na frase que lhe citei (e nem vale a pena dissecar os exemplos que acrescenta, à laia de ilustração, no resto da sua crónica) alguns sintomas de “desonestidade intelectual”.

Num leviano exercício de má fé (que não faremos!) quase poderíamos pensar que a senhora defende duas coisas, que eu não acredito que defenda: que receber um amigo com alegria e festa, digamos que “no seu local de trabalho”, após ausência que supomos injusta (quanto mais não seja por ser nosso amigo, que a amizade liberta as emoções do raciocínio que as margina; a si não?) é uma manifestação de “republicanismo bananal”. E, por inerência, que o seu ideal de país democrático será um deserto emocional balizado pela contenção e pela estratégia, em que um leve aceno de cabeça, seguido dum imperativo e demagógico “vamos ao trabalho”, se constituirão nos únicos festejos permitidos em altura de reencontro.


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