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11.10.03

Julgamentos morais

No Abrupto, lê-se isto:
"Uma das vitórias de influência de Paulo Portas, director do Independente, foi introduzir na análise política uma verdadeira obsessão com o julgamento moral"

Este parágrafo é retirado dum bom texto de Pacheco Pereira. Engraçado como se fala, assim, naturalmente, de Pacheco Pereira, na blogosfera. Eu não conheço o senhor, só o leio. Mas sei quem é. Ele, a mim, neribi, mais do que inevitavelmente. Mas é, também, inevitável irmos buscar ideias àquilo que lemos. E os blogues quase que nos "intimizam", é engraçado. Acresce que o Abrupto, como o Aviz, como muitos outros, são blogues que se lêem sempre. São referências. Não são guias, mas são luzes. Que a gente segue ou não.

Paulo Portas, na minha modesta e parcial opinião, nunca foi referência nem fez escola, a não ser para a meia-dúzia de fiéis que lhe bebiam (e bebem) a (im)postura. Foi-me, sempre, antipático, visto daqui. Não lhe aprecio o olhar, nem a postura. Nem a filosofia. Limitou-se a introduzir (ou a hipertrofiar?) na política aquilo que já tinha introduzido (ou desenvolvido?) nas lides jornalísticas: uma confrangedora falta de escrúpulo e de escrúpulos, uma apetência alarve e indisfarçável pela trama, tudo abrilhantado por massa cinzenta notória.
Pareceu sempre obcecado por julgamentos morais, admito. Mas a dimensão moral dos julgamentos que nos vai, sucessivamente, propondo é de calibre pequeno, mesmo medido pela escala das morais mais simples. Que também prefiro. Os aplausos de subserviência dos seus seguidores (e o seu grandioso umbigo) nunca lhe permitiram ter a noção de que andou sempre nu. Sempre propôs julgamentos alheios com facilidade, na leviana esperança de nunca participar em julgamento seu. Em que a sua nudez ficasse mais exposta.

Hoje é ele o alvo fácil? Não é o mais fácil, mesmo assim. Ginga, abana-se. Há-de negar, sempre, a sua condição de "flasher". Mas, enquanto alvo, safa-se pior do que como atirador de dardos. Nitidamente. Isso é normal, e é bem merecido.

Como nunca gostei dele (e tenho a vantagem de ele não poder dizer o mesmo de mim), solicito que este simples manifesto de antipatia natural, em que todos caímos vez por outra, mas nem sempre registamos, fique reduzido à sua dimensão: um simples desabafo.
Em jeito de desabafo final, sustento, sem qualquer prova, mas as impressões não carecem delas, que Portas nunca foi luz para ninguém.
Por mim, no que à lanterninha dele diz respeito, hei-de sempre preferir caminhar às escuras.

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