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25.9.03

Pequenos sapos

O senhor ministro da defesa tem estado ao ataque, pela mão de Judite de Sousa. Olhando de esguelha para a câmara, em furtivas piscadelas de olho, tem dito várias coisas que já se sabia que ia dizer. E outras. O desempenho televisivo (que me importa escassamente, no fundo) tem sido pobre, oscilando entre a empáfia e a veemência acusatória. Faz perguntas que sabe não irem ser respondidas em directo, porque não está lá mais ninguém. Os olhos, como sempre, estão-lhe fugidios. Nervoso, crispado como sempre, mas isso eu entendo. Os elogios absolutos e gongóricos aos amigos e amigas, amparados em linguagem não verbal pouco convincente, insegura. A pose de estado, relativamente bem ensaiada, logo subvertida pelo sorrisinho malandreco de menino bimbas que tem na mão um chupa-chupa só dele. Por acaso, tem agora expressões faciais menos histriónicas do que há dois anos, amadureceu seu pedaço, o senhor ministro, em termos globais. Nada nele é, contudo, mais doce. Nem mais autêntico.

O conteúdo, esse, é para digerir melhor. Ficou a gravar.

Para já, reparei apenas naquilo em que ele quereria que se reparasse, de forma exclusiva. E vai ter sucesso, seguramente, entre os seus fiéis. Mesmo tendo cometido a gaffe "anti-liberal" do costume, com a desfaçatez de quem sabe que todos os deslizes lhe são perdoados. Porque a democracia cristã (isto existe mesmo, também podia haver, sem chacota, uma democracia hindu, ou muçulmana... acreditem que sim) será sempre mais votada do que o partido que vai cobrindo com sua mantinha caridosa e tutelar.
Ó liberais, rapaziada, vocês engulam mais esta, em nome de Deus e da vossa participação nos governos...por via dos "votinhos dos devotos". Tenham paciência. A cada um o pequeno sapo que merece, ou que consegue tragar.

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