Gosto do Douro, pronto!
Desculpem-me o neologismo sintáctico mas há coisas que, em nós, são assim mesmo, pronto!E o Douro é daquelas coisas de que só se pode gostar. E pronto!
E quem assim gosta do Douro, daquele Douro de que os durienses gostam, só pode gemer seiva de raiva, como gemem as videiras depois da poda aguentando as geadas do Inverno, ao ver uma cáfila de ministros, secretários de Estado e deputados da Nação decidir a seu bel-prazer como irão condenar uma Região a viver à custa do beija-mão aos poderosos que por cá passam uns fins-de-semana metidos nas quintas sem saber com quantos vergar de costas se faz uma enxertia ou uma poda, com quantos cestos às costas se faz uma vindima ou com quantos levantar de joelhos até aos queixos se faz uma lagarada!
E não me venham dizer que isto é a Democracia, que é assim porque os senhores foram legitimamente escolhidos pelo povo. Não pode ser! E pronto!
O senhor que mora no Palácio de S. Bento disse por três vezes na frente deste que aqui escreve que, a ser eleito, só se não pudesse é que não compensaria a Casa do Douro pelos serviços prestados ao Estado. Vai-se a ver, à laia de compensação, pregou-lhe tamanha coça legislativa, acolitado pelo ministro Arnaut, pelo secretário de Estado Bianchi de Aguiar e seu chefe de gabinete Jorge Dias que o Antão de Carvalho há-de pensar lá, no seu repouso, para que andou às turras com o Estado Novo para criar uma Democracia vitivinícola num oásis de ditadura.
O que aqui descrevi, nem seria tão mau se não houvesse mais uns quantos protagonistas parolos, dirigentes das Associações da Região, supostamente defensores dos interesses dos viticultores e que, aos costumes, dizem muito mas, também aos costumes, significam nada. E nada significam, porque andam distraídos a engrossar as suas fortunas à custa das Associações, a passear pelo mundo à custa das Associações, a sustentar os alternes à custa das Associações, enfim, a chular o desgraçado do lavrador que vende por 20 o que vale 100!
Pelos vistos, o Douro tem muitos umbigos, e anda tudo distraído do resto a contemplar o seu umbigo...(o Jovanotti até poderia dizer que cada um tem na sua barriga "l'Ombelico del mondo").
E depois não me venham dizer que isto é a Democracia!
Não, isto é apenas e tão-sómente a força do dinheiro e a fraca força de quem a ele se vende!
E só mando cá para fora o que me rói a alma porque gosto do Douro.
E pronto!
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