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26.9.03

Arnaldo Palhares

Um dia, Arnaldo Palhares fugiu da vida. A mãe cuspia-lhe desgostos, o pai insultava-o silenciosamente, os irmãos rosnavam-lhe, os amigos fugiam-lhe. A mulher e os filhos cuidavam que era sempre um bocado de spleen. Os companheiros de trabalho riam-se dele, nas traseiras da cara. Até o cão lhe ladrava de esguelha.
Arnaldo Palhares, que era dotado de pouca paciência e estava cansado, apontou um revólver à têmpora direita e acabou-se-lhes. Nunca hão-de saber porque fugiu assim, mas há Arnaldos que sentem, cedo, que os combates estão perdidos para sempre.

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