Três desafios e eu só tenho culpa de dois
Primeira parte
Verifico com algum espanto e bastantes nervos que ninguém fez o menor caso do meu talento para as coisas da bola, talento esse que ficou bem expresso no meu escrito anterior, datado de 21 de Novembro, onde antecipei de forma pouco menos que brilhante a utilização de Fernando Meira como médio defensivo.
A partir de agora, de cada vez que eu escreva uma coisa qualquer que, a meu ver, demonstre infinito génio, mas que não despolete, ao menos, umas míseras convulsões focais na blogosfera, ficais a saber que rilharei os dentes de raiva, como de costume, mas que nunca mais expressarei nem a admiração nem o desalento um bocado apaneleirados com que comecei este texto.
Bom, a primeira parte já está.
Segunda parte
A segunda parte é para responder ao desafio do Eclético, aquilo da página 161 do livro mais próximo, etc. Eu já respondi a isso ali para baixo, era outro desafiante, claro está, mas como agora o livro mais próximo é outro e o Eclético se lembrou de mim (embora sem se ter referido uma única vez ao episódio Fernando Meira, o que denota bastante desatenção e profunda falta de cultura futebolística), aqui vai:
Isto é Miguel Esteves Cardoso, em edição de 1990, "As minhas aventuras na República Portuguesa". É do Círculo de Leitores, a edição, e é uma coisa maldita, o Círculo de Leitores, desculpem lá o interlúdio, porque até o senhor escritor António Lobo Antunes uma vez, numa feira do livro que ele abrilhantava um bocadinho já para lá de Bagdad - e em que eu, por esse tempo sofrendo muito nos meus vinte e poucos anos de imbecilidade e pasmo perante a escrita dos outros, resolvi levar-lhe os livros dele para ele autografar - se encheu de gozar, à flor da pele gordurosa daquela cara vermelhusca que ele tinha na altura, com a capa dos "Cus de Judas" que lhe confiei prostrado de admiração. O que me levou a mirá-lo intensamente e de tal forma que ainda hoje ali tenho autógrafos simpáticos e um bocadinho contritos em alguns livros que nunca mais li, por causa disso e por ter, entretanto, percebido a diferença entre a genialidade e a presunção, o que nos devolve à questão Fernando Meira , e interpretem isto como quiserem, e presunçoso é mas é o caralho.
Desculpem. Sobretudo o Eclético.
Voltando à segunda parte, que me parece que andei a divergir, o que até é raro em mim: o livro de hoje já disse qual é e, na página 161, começa uma crónica que se chama "A aventura de Lisboa". E, na linha 5, lê-se "... uma única casa de banho limpa, a Lisboa do cheiro a sovaco, a Lisboa...".
Não era preciso, está tudo ali, mas eu a seguir transcrevo o resto do parágrafo, embora pedindo desculpa a toda a gente pelo Miguel Esteves Cardoso, por mim, pelo irmão do mandatário de Cavaco Silva e, mesmo, pelo Fernando Meira:
"Há uma Lisboa eterna, linda, que resistirá, nem que seja numa única pedra ou num único braço de rio, a todos os construtores civis, a todos os urbanistas, a todos os presidentes de câmara. O pior é que há outra Lisboa, igualmente eterna e incontrolável. E a Lisboa em que não há uma única casa de banho limpa, a Lisboa do cheiro a sovaco, a Lisboa do cuspo no chão, a Lisboa da boca ordinária e do apalpão.É a Lísbia."
Isto é muito discutível, sobretudo a parte que vai até ao primeiro ponto final, a menos que Esteves Cardoso se referisse, nessa pequena secção do seu texto, ao Sporting - o que me deixa perplexo é a referência ao rio, porque isso é mais coisa tipo Belenenses. É um texto enigmático.
Terceira parte
Um jornalista venezuelano levou uns pequenos mas assertivos tabefes seriados duma peixeira venezuelana que se guindou à deputaria nacional lá naquela azeiteirada petrolífera que Chavez anda a comer à pressa. Incapacitou-lhe os óculos. Vi isso num crescendo de enervamento e, depois da irritação - que me levou a pedir a Deus que o jornalista, no final, enfiasse um chapadão definitivo na peixeira - chegou-me o medo. O medo é uma coisa gelada que nos nasce dentro e que, depois do parto, aquece dificilmente.
A lolita depois que fale melhor nisto, que foi ela que me mostrou o vídeo.
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