O defeso (e um pequeno conselho)
José Júlio Couceiro quase que não perdia com a Holanda, apesar de ter esquematizado aquilo tudo de maneira a lerpar.
Nota-se que o homem tem lá as ideias dele, isso é verdade. E parece que foi mal expulso, acho que sim, ele só disse "itsfòle", e o cara de feijão fradinho do húngaro que andava ali a saltitar fez queixa ao árbitro alemão, deve ter percebido "itsfocs", ou "itsocs", porque o Couceiro cicia um bocadinho, e o árbitro alemão (não sei se alguém reparou nestas duas coisas, uma que o Hugo Almeida parecia um ganapo ao pé do boche, e outra que o boche parecia uma ampliação do João Melo, aquele da Fúria do Açúcar, mas sem as lunetas), árbitro alemão esse que, aliás, devia ser colocado o mais depressa possível na Faixa de Gaza, com um letreiro nas unhas a dizer "ou parais já com isto, ou levais com esta bandeira de Israel pelos cornos abaixo!", ou outro slogan assim, o árbitro alemão, esse boi, expeliu-o do banco.
Ora, logo que lá ficou sozinho o Rui Caçador, a coisa mudou. Ou seja, as hipóteses de derrota diminuiram. Ou seja (eu gosto de dizer ou seja, parece que estou a explicar várias vezes, o que pode fazer pensar a pessoas mais impressionáveis que estou a aprimorar um raciocínio, ou seja, a usar a mioleira), as coisas pioraram para José Júlio Couceiro, que queria mesmo perder o jogo. Lá acabou por conseguir, é verdade, mas por pouco.
Couceiro armou bem a equipa para o efeito que pretendia. Genial.
Botou lá um guarda redes de amarelo, até aqui tudo bem, e depois, a defesa direito, o Amoreirinha.
Ora, o Amoreirinha, para além de ter um sinal na testa e de jogar no Estrela da Amadora, tanto pode ser um central mais ou menos rápido como um lateral direito muitíssimo lento, sobretudo se, pelo lado esquerdo da equipa adversária, estiver a jogar um foguete cor-de-laranja. Ora, desta análise, Couceiro retirou o seguinte: "Amoreirinha, ficas na direita, até decorares o número que o foguete tem nas costas! A ideia é apanhares um cartão amarelo cedo, porque eu ando a fazer um estudo sobre "cartões amarelos cedo: que repercussões em jogadores com tendência para a cacetada?". Boa malha.
Depois, a centrais, Couceiro não teve dúvidas: "Ora, portanto, vai o Manel da Costa - que tem um problema de comunicação com toda a gente - e o Semedo - que tem problemas de comunicação com o Manel da Costa - e está resolvido. São grandes."
Isto foi bem visto, porque sendo sabido que a Holanda não iria tentar nenhum cruzamento alto para a nossa área (até porque não jogam assim, são é velozes, não são uns belgas grandes, são jogadores da bola), e não possuindo nenhum dos nossos centrais a mínima habilitação para jogar com os pés - a ideia que estes possantes rapazes possuem dum passe é "olha a bola aqui!, espera aí que já vais, é só eu conseguir acertar-te que já vais para donde vieste!", é evidente que aumentavam profusamente as hipóteses de mamarmos golos e de não conseguirmos fazer jogo directo, a não ser "directamente para os outros". O que é bom, para "os nossos objectivos".
No meio campo, o promissor José Júlio Couceiro resolveu colocar três trincos e um pau-para-toda-a-obra-mas-mais-a-trinco, ou seja, no fundo, quatro trincos. Ora, isto pode ser bom em portas, mas num meio campo não. E então que fez ele? "Vai o Manuel Fernandes, que é bom a ensarilhar-se com a bola e a bola nele, vai o Amorim, porque é do Belém, e vai o Veloso e o Moutinho, que é para também não levarmos cinco".
Na frente, o problema estava há muito resolvido na cabeça do ex-treinador do FCP e do Belém: Hugo Almeida, porque parece ter vinte e sete anos, e aquele rapaz do Manchester United, um com acne e que sabe capoeira, cujo futuro passará, inevitavelmente, nos próximos três anos, por três empréstimos consecutivos, um ao Middlesbrough, outro ao Charlton, e o último ao FCP (com opção de compra, ao estilo "guys, please, keep him, for Christ's sake!").
Os planos de José Júlio Couceiro acabaram por dar certo. Lá perdemos. Não apouquemos um plano que acaba por dar certo. Mas já pensaram no que poderia ter acontecido se o mais luminoso gestor de futebol que há de Setúbal para cima e do Porto para baixo se tem lembrado de dizer "foquiú" logo no primeiro jogo, aquele contra os batatões dos belgas?
Pensai nisso.
Até porque, se ainda não sabeis eu digo-vos já, não vai haver nem OTA nem TGV, escusais de vos cansar mais com essas minudências. Vai haver é eleições em 2009.
A sério, deixai-vos de fantasias.
Além disso eu fiz um estudo que demonstra que não é necessário nenhum aeroporto novo. Telefonei a dezoito mil e seicentos estrangeiros, todos residentes na União Europeia, sou poliglota - e, a bem da verdade, também ando meio enjoado -, e à questão que coloquei - "tencionais vir a Portugal de avião nos próximos vinte anos?"- só um vírgula quatro por cento dos inquiridos é que respondeu "talvez, sim, já que falas nisso, sim, passar férias, no Algarve, sim, sou mineiro em Newcastle, pode ser... pagais a viagem?".
Nota-se que o homem tem lá as ideias dele, isso é verdade. E parece que foi mal expulso, acho que sim, ele só disse "itsfòle", e o cara de feijão fradinho do húngaro que andava ali a saltitar fez queixa ao árbitro alemão, deve ter percebido "itsfocs", ou "itsocs", porque o Couceiro cicia um bocadinho, e o árbitro alemão (não sei se alguém reparou nestas duas coisas, uma que o Hugo Almeida parecia um ganapo ao pé do boche, e outra que o boche parecia uma ampliação do João Melo, aquele da Fúria do Açúcar, mas sem as lunetas), árbitro alemão esse que, aliás, devia ser colocado o mais depressa possível na Faixa de Gaza, com um letreiro nas unhas a dizer "ou parais já com isto, ou levais com esta bandeira de Israel pelos cornos abaixo!", ou outro slogan assim, o árbitro alemão, esse boi, expeliu-o do banco.
Ora, logo que lá ficou sozinho o Rui Caçador, a coisa mudou. Ou seja, as hipóteses de derrota diminuiram. Ou seja (eu gosto de dizer ou seja, parece que estou a explicar várias vezes, o que pode fazer pensar a pessoas mais impressionáveis que estou a aprimorar um raciocínio, ou seja, a usar a mioleira), as coisas pioraram para José Júlio Couceiro, que queria mesmo perder o jogo. Lá acabou por conseguir, é verdade, mas por pouco.
Couceiro armou bem a equipa para o efeito que pretendia. Genial.
Botou lá um guarda redes de amarelo, até aqui tudo bem, e depois, a defesa direito, o Amoreirinha.
Ora, o Amoreirinha, para além de ter um sinal na testa e de jogar no Estrela da Amadora, tanto pode ser um central mais ou menos rápido como um lateral direito muitíssimo lento, sobretudo se, pelo lado esquerdo da equipa adversária, estiver a jogar um foguete cor-de-laranja. Ora, desta análise, Couceiro retirou o seguinte: "Amoreirinha, ficas na direita, até decorares o número que o foguete tem nas costas! A ideia é apanhares um cartão amarelo cedo, porque eu ando a fazer um estudo sobre "cartões amarelos cedo: que repercussões em jogadores com tendência para a cacetada?". Boa malha.
Depois, a centrais, Couceiro não teve dúvidas: "Ora, portanto, vai o Manel da Costa - que tem um problema de comunicação com toda a gente - e o Semedo - que tem problemas de comunicação com o Manel da Costa - e está resolvido. São grandes."
Isto foi bem visto, porque sendo sabido que a Holanda não iria tentar nenhum cruzamento alto para a nossa área (até porque não jogam assim, são é velozes, não são uns belgas grandes, são jogadores da bola), e não possuindo nenhum dos nossos centrais a mínima habilitação para jogar com os pés - a ideia que estes possantes rapazes possuem dum passe é "olha a bola aqui!, espera aí que já vais, é só eu conseguir acertar-te que já vais para donde vieste!", é evidente que aumentavam profusamente as hipóteses de mamarmos golos e de não conseguirmos fazer jogo directo, a não ser "directamente para os outros". O que é bom, para "os nossos objectivos".
No meio campo, o promissor José Júlio Couceiro resolveu colocar três trincos e um pau-para-toda-a-obra-mas-mais-a-trinco, ou seja, no fundo, quatro trincos. Ora, isto pode ser bom em portas, mas num meio campo não. E então que fez ele? "Vai o Manuel Fernandes, que é bom a ensarilhar-se com a bola e a bola nele, vai o Amorim, porque é do Belém, e vai o Veloso e o Moutinho, que é para também não levarmos cinco".
Na frente, o problema estava há muito resolvido na cabeça do ex-treinador do FCP e do Belém: Hugo Almeida, porque parece ter vinte e sete anos, e aquele rapaz do Manchester United, um com acne e que sabe capoeira, cujo futuro passará, inevitavelmente, nos próximos três anos, por três empréstimos consecutivos, um ao Middlesbrough, outro ao Charlton, e o último ao FCP (com opção de compra, ao estilo "guys, please, keep him, for Christ's sake!").
Os planos de José Júlio Couceiro acabaram por dar certo. Lá perdemos. Não apouquemos um plano que acaba por dar certo. Mas já pensaram no que poderia ter acontecido se o mais luminoso gestor de futebol que há de Setúbal para cima e do Porto para baixo se tem lembrado de dizer "foquiú" logo no primeiro jogo, aquele contra os batatões dos belgas?
Pensai nisso.
Até porque, se ainda não sabeis eu digo-vos já, não vai haver nem OTA nem TGV, escusais de vos cansar mais com essas minudências. Vai haver é eleições em 2009.
A sério, deixai-vos de fantasias.
Além disso eu fiz um estudo que demonstra que não é necessário nenhum aeroporto novo. Telefonei a dezoito mil e seicentos estrangeiros, todos residentes na União Europeia, sou poliglota - e, a bem da verdade, também ando meio enjoado -, e à questão que coloquei - "tencionais vir a Portugal de avião nos próximos vinte anos?"- só um vírgula quatro por cento dos inquiridos é que respondeu "talvez, sim, já que falas nisso, sim, passar férias, no Algarve, sim, sou mineiro em Newcastle, pode ser... pagais a viagem?".
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