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15.4.07

A bola quase toda

O futebol é uma coisa muito simples, como não me canso de dizer. Se não fosse, o Eusébio e o Mantorras e o Rooney e o Cristiano (e outros petizes) não o jogavam. Se não fosse, eu não gostava tanto dele, também.

Não tenho falado da bola porque não tenho tido motivos.
Agora também não tenho, mas vou pespegar aqui variadas asserções sobre alguns aspectos marcantes da actualidade futebolística europeia, tudo isto cozinhado com a sensatez que me caracteriza.

1 - Em relação ao campeonato nacional (liga buíne) e à taça (não sei se alguém patrocina aquilo, parece que ainda se chama só taça de Portugal):
Quando o Sporting joga bem, como tem sido ultimamente o caso, não me dá vontade de escrever nada sobre o Sporting. Se o Sporting joga bem, e anda lá na vida dele, nas lutas pelos campeonatos e pelas taças, eu fico calado, acho normal assim. Não faz sentido vir dizer "que bem jogámos, olé-olé!" qundo jogamos bem. Isso é coisa de benfiquistas e portistas, que são dados à chafurdice.
Se o Sporting faz merda, bom, assim já me irrito e sou capaz de dizer duas traulitadas ou três. Quatro, vá.
Mas assim, com o Sporting a jogar bem, fico calmo. Isto chateia os portistas e os benfiquistas, eu sei, mas é tão evidente que os portistas e os benfiquistas se vão chatear tanto, ainda este ano, que nem digo mais nada.
Aliás, eu não disse nada. Eu, e desculpem a repetição, mas quem fala muito tende a repetir-se - não é que eu fale muito, lembrei-me foi agora disto e disse -, eu, dizia eu, não disse nada.

2 - Em relação à bola na Inglaterra:
Isso é outra coisa. Isto, aqui, já falo
O futebol inglês é aquele futebol que se joga na Inglaterra e que é agora muito bom porque quase não jogam lá ingleses. O Cristiano não vale, já chateia falar dele. Mas um tipo olha para o Chelsea e vê dois ingleses que tinham lugar no Sporting (o Lampard e o Terry - no banco) e outros dois que estavam bem no Boavista (os dois Cole); olha para o Liverpool e, de ingleses, observa o Crouch, o Gerrard e mais um ou dois, tudo gajos dados à suplência; olha para o Manchester e quem "inglesa por lá?": o Ferdinand - banco do Sporting, evidentemente -, o Scholes (titularíssímo no Benfica, porque o Benfica gosta de ter gajos com feições alternativas no meio campo, veja-se o Petit e o Karagounis e, em versão softcore, o Simãozinho), o Carrick (este gosto) e o resto é coreanos, galeses, irlandeses, portugueses, argentinos, sérvios, escoceses e franceses; olha para o Arsenal e não vislumbra lá inglês nenhum, a menos que joguem desfalcados.
Portanto, pode falar-se de bola na Inglaterra, de futebol "marca Inglaterra", mas os melhores produtos da marca, enfim, não são de lá.
Ou seja: joga-se lá bem à bola, mas é preciso que haja poucos tipos de lá a jogá-la.

3 - Em relação à bola na Espanha:
Na Espanha, basta-me que o Real Madrid e o Barcelona percam para eu ficar contente. O Real Madrid faz-me lembrar uma hipérbole do Benfica (também é um clube apanascado, com muitos homens por trás, e também têm lá um Mantorras - que é o Guti), e o Barcelona faz-me lembrar uma espécie de mistura chôcha entre o Porto e o Chaves, derivado à tendência para o separatismo e, é claro, ao equipamento - respectiva e simultaneamente.
Gosto do Valência, do Sevilha, do Bétis, do Corunha e do Celta e, desde hoje, do Racing de Santander - mas pensando bem já gostava deste, porque jogou lá o Damas. E do Salamanca também gosto. E dos Atléticos. E do Hércules de Alicante. Mas este é por outras coisas.
Do Real Madrid e do Barcelona não gosto. São clubes parvos.

4 - Em relação à bola na França:
Os franceses conseguem fazer um campeonato mais ou menos jeitoso e aborrecido, isto apesar de cerca de 7376 dos seus melhores jogadores serem titulares em variados clubes doutros países. Isto é verdade: até o tosco do Steed Malbranque é titular do Tottenham - embora seja chato que tenha nascido na Bélgica, mas isso já se sabe, os franceses nascem onde calha.
Mesmo assim, lá conseguem fazer um campeonato giro, onde a equipa da capital (o Paris, leia-se "Parísh", pelo amor de Deus, deixem lá o "Pàrí" para os "didonques") leva na bolha regularmente e duma maneira que chega a ser obscena. Se os franceses fossem como os portugueses, o Paris equipava de encarnado e o país estava de luto; o L'Équipe escorria lágrimas de sangue e fel; mas como não são, está-se bem.
Não há muito mais a dizer sobre a bola na França. Apenas resta acrescentar que, como está bom de ver, o campeonato francês é uma espécie de segunda divisão do futebol francês. A bola na França é um refugo da França da bola.

5 - Em relação à bola noutros países:
Há-a, há mesmo - eu sei que custa a crer - bola noutros sítios. Na Alemanha, por exemplo; e na Holanda, na Itália, e mesmo na Suíça; e -pasme-se - na Albânia, na Bélgica e na Rússia. Mas eu depois trato dessas curiosas minudências.

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