Consultório de besugo
Muitas pessoas me têm questionado, à vezes por e-mail (mas sobretudo por telepatia e aerograma), sobre o que é que eu penso que está mal em Portugal.De maneira que me tenho debruçado sobre isso, embora sem o deleite que experimentaria se o fizesse sobre um par de mamas.
Como sou uma pessoa organizada em termos do processo de mentação, comecei por tentar perceber por que raio me perguntam isso a mim. Demorei cerca de trinta e oito segundos a escolher a resposta C, que é "porque sei bastante disso". As outras quatro hipóteses (A,B,D e E) eram estúpidas. A hipótese D, "porque a culpa é toda minha, que sou uma alimária", era mesmo absurda.
Ora, como sei bastante disso, vou expor. Exponho aqui e poupo em e-mails, aerogramas e telepatia. E dou à manivela a este blogue, que anda perro. Oleio-o. Torno-o oleoso, sim senhor, eu sei que há engraçadinhos que me lêem.
Ora bem. Eu penso que em Portugal não há assim nada que esteja muito mal. Comparado com outros países, não há assim nada demasiado odioso no nosso país.
O que está um bocadinho pior é aquilo de haver umas seiscentas mil pessoas que estão constantemente a bradar que há coisas que estão mal em Portugal, basicamente por dois motivos fúteis, que são "elas acharem que há muitas coisas que estão muito mal porque sim" e "elas acharem que está tudo muito mal por causa de já terem ido lá fora ver como é ou lerem muito".
Se se vedasse a estas pessoas o acesso aos meios de comunicação social, excepto em algumas retretes de algumas tascas antigas, em que o meio de comunicação social já se encontra cortado em pequenos rectângulos e se torna eficaz - mesmo em termos de tatuagem caduca - para aquilo que merece, ou se se interditasse a esta gente a penetração nos circuitos do poder (ou seja, nunca poderiam bitaitar de púlpito, quanto mais serem "a nascente do bitaite"), embora pudessem penetrar outros orifícios mais complacentes, enfim, tudo seria mais ecológico, no sentido de "fazer mais eco" e "ser mais lógico".
Deviam ser enviadas, estas seiscentas mil pessoas, para países africanos dados à chacina. Aí, sim, poderiam dar vazão ao seu apurado sentido crítico. Por exemplo, poderiam dedicar-se a dar na cabeça do Mugabe, tipo "ó Mugabe, pá, isto tá mal, tu sai mas é daí, pá, só fazes merda!". Seria útil ao Mugabe e ao mundo, isto.
E a Portugal.
Fora isto, está tudo bem. Ou menos mal. Ou não me aborreçam, pronto.
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