blog caliente.

1.2.07

Esguichos de besugo

Já aqui disse, com o calor que desperta - pobre estilete aquecido na memória - a escrita no gelo, que "sim".
Usei palavras de outros, coisas que me servem para o efeito escasso da minha decisão de "sim": as da lolita, as de Pacheco Pereira; umas sílabas - poucas - do meu dialecto para fazer a fusão.
Fusão. Excelente reacção química.

A vida não se esgota na filosofia. Nem a morte. Digo mais: nem uma nem outra têm nada que ver com ela, com a filosofia. É que nunca se viu um morto a filosofar, excepto em crises muito graves. Nem me lembro de nenhuma.
E, quem vive, filosofa quase só por isso, por estar vivo. E por lhe apetecer, concedo. E por prazer. E mais coisas, pronto.

Na embriologia também não se esgota a vida, nem a morte. Sabe-se, tanto quanto sabemos nós de nós, quando a vida principia e, na mesma medida "de dentro", quando acaba.

A biologia (a embriologia encaixa aqui, na biologia; não encaixa na medicina mais do que o que encaixa aqui, penso eu) é uma ciência que, salvo erro, estuda os seres vivos. Mas, curiosamente, foi sendo feita por parte deles, pela parte angustiada desses seres vivos. Ou seja, por nós.
Ciência de dentro, já se sabe sem detença, é como Olegário Benquerença: é imparcial e justa até ao sorriso cínico do cartão laranja e do patrocínio - patrocínio escrito com um "l" subjectivo, como em "Pisboa, calitap de Lortugap".

Isto não é difícil de fazer, faz-se bem.

Bom. Não pretendo acrescentar nenhum argumento a nenhuma das campanhas. Nem nada a coisa nenhuma. Por mim, pelas razões que outros disseram por mim, antes e melhor do que eu, é "sim".

Vim só dizer, "à laia de guisa", que encontro diferenças grandes entre "a vida" de Paulo Brahms Pinto - que vai terminar essa sua vida, asseguro-vos isto, em pouco mais de um mês, vai sentir com a sua inteligência o fim desta sua estadia de 46 anos (e um mês e pico) no planeta onde nasceu e onde se estudam coisas como a embriologia, a biologia, a filosofia e a medicina - e "a vida" embriologico-filosófica-medico-biológica de Manuel Projecto Celular Ramos Muito Verdes, que dura há dez semanas em barriga alheia à "vida que faz falta ao vivo e que eu vos disse".

É a vida que ele tem, a de Manuel Projecto; não é "a vida".

Eu sei. Eu sei disso tudo. Há muitas complicações e coisas.
"É a vida". É a vossa vida. Façam como quiserem, discutam tudo. É bom. Não leva mais longe do que isto, mas força nisso de esgrimir, que é desporto de panascas se for com máscara e fatinho protector, como no laboratório, mas se for de peito feito parece-me que já não.

besugo

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