blog caliente.

18.5.06

OK. Destroçar.

Uma vez mais, lá fomos. Eu nunca digo "lá foram", porque é sempre comigo.
Falo do Festival da Eurovisão, desta vez.

Não vale a pena tecer muitas considerações sobre o mercado, as torpes vizinhanças geográficas, o malévolo jogo de influências, enfim, sobre essas variáveis que nos prejudicam sempre, ao ponto de sermos, talvez, o único país europeu não fundado (ou refundado) após a queda do muro de Berlim que nunca conseguiu ganhar aquilo. Nem é relevante versejar, sequer, sobre o interesse que o Festival tem (que já se sabe que não tem), até como simples montra do que se faz nos vários países concorrentes, em termos de produção musical.

A maior parte das cantigas são duma pobreza atroz. E a nossa (aquela caca que o Gobern, o La Féria, a Simone, a Fátima Lopes, o Tozé Brito e o povo das SMS escolheram) é uma bosta. Sempre igual. Igual a dezoito das outras concorrentes em espavento, igual a duzentas e dezasseis mil na construção(?) melódica, constituída por um refrão repetido até à exaustão e por "uma merda qualquer até se chegar ao refrão" (safam-se os metais - iguais de princípio a fim, contudo -, no meio das vozes fraquinhas das meninas; eu diria "nas recuperações" das fífias delas).
Mal cantada, mal coreografada (as gajas são incapazes de decompor, seja com que parte do corpo for, um compasso quaternário simples!), pobrezinha, igual ou pior que as cantigas pobrezinhas com que competiu, a nossa cantiga é o reflexo dos nossos "escolhedores de coisas": ventripotência e ventania na testeira.

A ficarmos pelo caminho, como temos ficado sempre, ao menos que aproveitemos para mostrar aos países subdesenvolvidos e com nomes esquisitos, músicas bonitas, bem feitas, bem construídas. Que tenham um poema em vez duma letrinha "bués, em inguelez", que um bom poema com música serve-me sempre bem, se a música o ajudar.

Que sejam canções melhores, feitas por gente melhor. Há aí bastante. Perdemos na mesma, mas ao menos não desperdiçamos tempo a apascentar cançonetistas bitaiteiras, mini-génios da luminotecnia, gordos, tozés e costureiras.

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